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VIOLÊNCIA

Artigo: Operação Inominada

 Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva gestures during a meeting with state governors at the Planalto Palace in Brasilia, on January 27, 2023. (Photo by Sergio Lima / AFP)
       -  (crédito:  SERGIO LIMA / AFP)
Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva gestures during a meeting with state governors at the Planalto Palace in Brasilia, on January 27, 2023. (Photo by Sergio Lima / AFP) - (crédito: SERGIO LIMA / AFP)
postado em 06/02/2023 03:55

Ricardo Nogueira Viana - Delegado chehefe da 6ª DP 

Iniciado há poucas semanas, podemos afirmar que 2023 ficará marcado para sempre na história da capital da República. No primeiro dia, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse em seu terceiro mandato com uma cerimônia marcada pela valorização das diferenças. O novo chefe do Executivo subiu a rampa do Planalto ao lado de mulheres, negros, deficientes e até de Resistência, sua cadela de estimação. Uma semana após, vieram os atos antidemocráticos, em que centenas de delinquentes invadiram as sedes dos poderes constituídos, destruíram obras raras e clamaram por um golpe militar. Em meados do mês, a Polícia Civil do DF desencadeou a Operação Inominada, que teve seu início com 10 pessoas desaparecidas, as quais foram encontradas mortas da forma mais vil e cruel jamais vista no Brasil.

No Distrito Federal, a maioria das ocorrências de desaparecimento de pessoas se resolve por si só. É o filho ou filha que esqueceu de avisar os responsáveis de que não retornaria na hora prevista ou foi o celular que acabou a bateria e o companheiro se preocupou por não ter notícia da parceira. Assim, é comum que a Polícia Judiciária, após o registro, entre em contato com o comunicante da ocorrência com o intuito de saber se o então desaparecido já se faz presente. Na maioria das vezes, com a resposta positiva, ou seja, a localização do envolvido, ocorrências desse tipo são arquivadas.

Entre 13 e 15 de janeiro, a 6ª Delegacia de Polícia Civil, localizada na cidade do Paranoá/DF, recebeu três ocorrências que descreviam o desaparecimento de 10 pessoas da mesma família. Entre elas, três crianças, sendo uma de 7 anos e um casal de gêmeos de 6. Na tentativa de contato com os familiares para saber sobre o primeiro fato, encontramos obstáculos, pois ninguém atendia — até porque, poucos parentes sobreviveram. Em um segundo momento, tivemos a informação de que uma mulher de 39 anos e seus três filhos haviam sido encontrados mortos e carbonizados nas proximidades da cidade de Cristalina (GO). No dia seguinte, mais dois corpos foram encontrados de forma similar, carbonizados no interior de um veículo, em Unaí (MG). Tínhamos, pois, um saldo de seis mortos e quatro pessoas desaparecidas. Estava posto o quebra-cabeça.

Formou-se uma força tarefa com as polícias de Minas Gerais e Goiás. Quanto à Polícia Civil do Distrito Federal, é prudente destacar: nós temos um time. Policiais interromperam suas férias, deixaram de fazer serviços voluntários gratificados — resultando em decréscimo em suas remunerações , afastaram-se de suas famílias, tudo com o intuito de formar o Tangram. E conseguimos. Os investigadores, os quais contaram com toda estrutura da corporação, prenderam cinco suspeitos dos hediondos crimes e apreenderam um adolescente. Além disso, fomos capazes de localizar os corpos das outras quatro vítimas, um deles enterrado e esquartejado, e outros três jogados no interior de uma cisterna.

A motivação desses repugnantes delitos teve como cerne o dinheiro. A cobiça dos autores foi tão estapafúrdia que os escroques se associaram, planejaram e executaram o mais nefasto dos planos: aniquilar o patriarca e toda a sua descendência, visando à posse injusta da chácara na qual ele residia, e, outrossim, a subtração e extorsão de valores de componentes da família. Além das vítimas que foram encontradas carbonizadas, outras cinco foram colocadas em um cativeiro, amordaçadas, algemadas e subjugadas mediante o emprego de arma de fogo, até que os algozes, após satisfazerem os seus desígnios impiedosos, traçaram-lhes o caminho da morte.

Inominada, que não tem nome. Sim, não conseguimos sequer nomear as ações que desenvolvemos nesses 13 dias de investigação. Algo jamais visto, nunca sentido ou almejado, não só pela dezena de pessoas indefesas que foram banidas do nosso convívio, mas também pelo sentimento vivenciado por policiais, repórteres, parentes, e pelo Brasil que orou e torceu por um desfecho menos trágico. Em sede extrajudicial, ou seja, na Delegacia, o inquérito foi relatado. Caso encerrado. Nós, policiais, experimentamos neste momento um sentimento dúbio. O primeiro, de dever cumprido, de ter virado uma página da capital do país que não deve ser rememorada. Já o segundo é de frustração, por sabermos que a crueldade de alguns seres humanos está sempre surpreendendo, deturpando valores, ceifando vidas e desequilibrando o ambiente em que vivemos. Que venha o mês dois e Brasília volte a ser a capital da esperança.

 

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