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Opinião

Visão do Correio: Fim do feminicídio é uma luta de todos

A letalidade do machismo disparou na capital da República. Os homens estão doentes, infectados pela ideia de que as mulheres são sua propriedade

Outras oito mulheres foram vítimas de feminicídio em 2023 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Outras oito mulheres foram vítimas de feminicídio em 2023 - (crédito: Arquivo pessoal)
postado em 04/03/2023 06:00

Em apenas um dia, duas mulheres jovens foram vítimas de feminicídio, e outra sofreu um atentado pelo marido. Lamentavelmente, em menos de três meses, oito mulheres foram assassinadas pelos parceiros, no Distrito Federal — aumento de 150% em relação a igual período do ano passado. A letalidade do machismo disparou na capital da República. Os homens estão doentes, infectados pela ideia de que as mulheres são sua propriedade. Em 2021, Minas Gerais registrou o maior número de casos no país. Neste ano, o governo do estado lançou campanha para o enfrentamento dessa tragédia e concitou a sociedade a colaborar para conter a fúria masculina. Denúncias podem ser feitas, anonimamente, pelo Disque 181.

Em briga de marido e mulher é preciso meter a colher. O velho paradigma contrário a essa orientação foi superado. Diante do avanço da violência, decorrente de relações tóxicas, não cabe mais o silêncio ou a indiferença de vizinhos, parentes e amigos que tomam conhecimento de que uma mulher é ameaçada, agredida e violentada pelo companheiro ou ex-companheiro. Para dar um basta à banalização das agressões às mulheres, torna-se imperativo a participação da sociedade, por meio de denúncias às autoridades sempre que perceber que uma mulher corre o risco de morte. O anonimato é garantido aos denunciantes, por meio dos Disque 197 (Polícia Civil) ou 180.

A violência doméstica é histórica no país. Hoje, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de feminicídios. Os programas governamentais e não governamentais, em sua maioria, tiveram resultados pífios. A legislação se tornou mais severa, mas não conteve a violência por gênero. As mudanças na Lei Maria da Penha e a edição da Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015, que tipificou e inseriu o feminicídio na lista de crimes hediondos, não inibiram as ações agressivas dos homens — o aumento de casos passa a sensação de que, pelo contrário, estimulam as atitudes torpes, em vez de diminuí-las. Na capital federal, o Correio Braziliense promoverá, no próximo dia 7 — véspera do Dia Internacional da Mulher — o debate "Combate ao feminicídio: uma responsabilidade de todos".

Em Brazlândia, região administrativa, distante cerca de 50km do centro de Brasília, foi formada uma rede de proteção e desenvolvido um projeto pelo Ministério Público do DF e Territórios para conter a violência doméstica e evitar que os conflitos acabem em atos extremos. Nos encontros, os homens, convidados por um procurador, passam a compreender a Lei da Maria da Penha, a importância de respeitar a mulher e de cuidar da família. Com a pandemia, os encontros passaram a ser virtuais. A queda nos índices de reincidência caiu muito. As reuniões também são feitas com mulheres, a fim de que conheçam os seus direitos e aprendam a agir diante da violência, ou seja, se empoderem.

A experiência mostra que MPDFT, envolvendo diferentes instituições, é um indicativo de que a educação para a cultura de paz e as ações preventivas levam a bons resultados no combate à violência doméstica, bem como outras formas de agressões. Revelam também que as mudanças são possíveis. Para isso, é fundamental repensar políticas públicas e, efetivamente, executá-las.

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