Jerusalém. A Semana Santa levou-me a escrever sobre ela. São 2.700 anos de história. É impossível não se emocionar ao caminhar pelas ruelas e becos da Cidade Velha. Refazer a Via Dolorosa. Parar em cada estação e fazer uma oração. Se não for religioso, meditar ou admirar. Tocar a marca na parede no mesmo local em que Jesus teria colocado a mão, ao ser ajudado por Simão Cirineu a suportar o peso da cruz. Observar, do lado de fora da muralha que contorna a cidadela, o Monte das Oliveiras e o Getsêmani, onde começou a agonia de Cristo, com o beijo da traição de Judas. Visitar a Basílica do Santo Sepulcro e ter a primeira visão de uma pedra, do tamanho de uma pessoa, colocada sob um mural com uma pintura que fala por si.
Na "Pedra da Unção", o corpo de Jesus teria sido lavado e preparado para o enterro, após a descida da cruz, no Gólgota, a poucos metros dali. É tocante ver fiéis se ajoelhando perante a rocha, tocando-a, em meio a lágrimas, e colocando tercinhos, lenços e outros bens para serem bentos. Vencer as escadarias que representam a subida ao Gólgota e se deparar com dois anjos de prata guardando um altar e um buraco no chão, onde se crê que a cruz foi fincada.
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Sob o altar, no andar de baixo, é possível ver uma parte do Gólgota preservada atrás do vidro. A alguns passos dali, está o local mais sagrado do cristianismo: a edícula construída sobre a tumba vazia de Jesus. Lá dentro, entre flores, incensários e velas, uma pedra foi colocada sobre a rocha original que protegia o túmulo. Atrás da edícula, um recinto com acesso a túmulos originais da época de Jesus. Seriam de José de Arimatéia e família. No Santo Sepulcro, tudo remete à fé: o silêncio profundo cortado por cânticos de música sacra ou o balanço dos incensários; o perfume do óleo de rosas; o ambiente à meia-luz.
A devoção que brota em Jerusalém não floresce somente do cristianismo. No Muro das Lamentações, é impossível não se comover com a fé e o respeito dos judeus pelo sagrado. A oração com a cabeça encostada na muralha, de onde surgem papéis com pedidos e esperanças de milagres. Ao pôr-do-sol, o local mais importante para o judaísmo ganha mais em beleza e mistério: a cúpula do Domo da Rocha, ao fundo, divide espaço com a lua e com pássaros em revoada. Ali, no Monte Moriá, Abraão ofereceu o filho Isaac em sacrifício a Deus.
Do outro lado do muro, a Mesquita de Al-Aqsa conclama os muçulmanos às orações. No local, Maomé teria ascendido aos céus sobre uma rocha. É o terceiro lugar mais sagrado para o islã, depois de Meca e Medina. Em Jerusalém, muçulmanos, judeus e cristãos confluem para louvar o divino. Nesta Semana Santa, na antevéspera da Paixão de Cristo e a quatro dias da Páscoa, desejo a você a busca da conexão com o superior, com o infinito, como quer que o conceba. Faz bem para a alma. Acalma e traz confiança de dias melhores.
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