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desigualdades sociais

Artigo: Os frutos da solidariedade

 Closeup of diverse people joining their hands
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       -  (crédito: Reprodução/Freepik/rawpixel.com/ kwanloy)
Closeup of diverse people joining their hands solidariedade equipe - (crédito: Reprodução/Freepik/rawpixel.com/ kwanloy)
Paulo Dantas
postado em 18/04/2023 06:00

PAULO DANTAS - Governador de Alagoas

Não há tarefa mais urgente que o combate à fome e às desigualdades sociais com mecanismos eficientes para a geração de renda. O estudo mais recente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), de dezembro de 2022, revelou que 4,2 milhões de brasileiros foram empurrados para a pobreza entre 2012 e 2021 e que o aprofundamento do fosso que separa ricos e pobres está no cerne do problema.

Acreditar que esse esforço se limita apenas aos programas de transferência de renda é um engano. Exige iniciativas criativas, reconhecidas mundialmente e amparadas em boas políticas públicas. A economia solidária, quando grupos se organizam para produzir e dividir os ganhos de forma igualitária entre seus participantes, é uma delas. São coletivos de agricultores familiares, catadores, artesãos e guias turísticos, entre dezenas de outros segmentos.

A atividade cooperada, um dos pilares desse modelo, já tem relevância significativa na economia global. Dados da International Cooperative Alliance (ICA) mostram que 12% das pessoas no mundo estão ligadas a uma entre os mais de 3 milhões de cooperativas atuantes. São centenas de milhões de trabalhadores com oportunidades de sustento.

Em Alagoas, historicamente, temos índices sociais que nos fazem amargar posições gravíssimas nesse fosso social. Em vez de negar a realidade evidente e triste, o governo está agindo para interromper essa cronicidade. Uma das vias é, sim, pela implantação de programas de transferência de renda nacionalmente reconhecidos. O Programa Criança Alagoana (Cria) beneficia com R$ 150 por mês gestantes e mães com filhos de até 6 anos — iniciativa agora replicada pelo governo Lula. Há ainda incentivos de R$ 100 mensais para estudantes do ensino médio (Cartão Escola 10).

Mas o combate à pobreza pressupõe um conjunto de ações além da transferência de renda, e elas estão no campo criativo. Entendemos que, junto à política social, a indução da economia solidária é um motor eficiente. Temos mais de 300 cooperativas e um número ainda maior de associações que fomentam a economia solidária com sustentabilidade ambiental. Os exemplos vão desde as boas técnicas de manejo na agricultura familiar — com mais eficiência para causar menos danos ao solo — até o trabalho feito por catadores de óleo, como os da Cooperóleo, uma cooperativa que retira toneladas do produto da turística Praia do Francês e do Rio São Francisco.

Estamos igualmente desafiados a estimular a inovação nesse segmento. Partilhamos conhecimento e aprofundamos a troca com cooperativados. Não à toa, Alagoas é protagonista e pioneiro no Brasil em iniciativas voltadas ao setor. Ficamos honrados pelo lugar de benchmark conferido por autoridades com grande conhecimento do tema, como o secretário nacional de Economia Solidária, Gilberto Carvalho.

Nosso maior reconhecimento, certamente, será alcançar cada vez mais resultados positivos na ponta. Queremos absorver experiências e colaborar para a maior abrangência desses modelos produtivos. A economia solidária é viável, sem volta no cenário das necessidades da vida real, e cada vez mais sustentável.

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