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EDITORIAL

Visão do Correio: Um novo desafio

"Com os aliados internacionais devidamente tratados e o cenário preparado, a bola da vez está com Dilma"

 Crédito: Vitrine Filmes/Divulgação. Filme.
Crédito: Vitrine Filmes/Divulgação. Filme. "O PROCESSO", SOBRE IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF, de Maria Augusta Ramos. Caption - (crédito: Vitrine Filmes/Divulgação)
postado em 22/05/2023 06:00

Morando na China desde março, a ex-presidente Dilma Rousseff pode ser — em uma reviravolta que só a política brasileira sabe produzir — uma das principais peças na busca da arrancada econômica que o país tanto precisa. Retraída desde que sofreu impeachment e deixou a presidência da República em 2016, e efetivamente fora da política desde a derrota para o Senado em 2018, quando tentou uma vaga por Minas Gerais, ela foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência rotativa do Banco do Brics — oficialmente Novo Banco de Desenvolvimento —, e vai ficar em Xangai, sede da instituição, até 2025.

Além dos Brics propriamente ditos - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, a entidade também conta com representantes de Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai. Criado com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e financiar projetos de infraestrutura nos países membros, além de impulsionar o comércio e os investimentos entre eles, o Banco do Brics possui um fundo que supera 100 bilhões de dólares, o que pode representar uma fonte de financiamento valiosa para impulsionar a economia brasileira e enfrentar os desafios de infraestrutura do país.

Para esse dinheiro chegar ao Brasil, está em andamento um trabalho em equipe. No campo das relações internacionais, Lula e o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, já deixaram a jogada armada. Eles estão repelindo a pressão dos Estados Unidos e da União Europeia, que cobram o governo brasileiro de um alinhamento a favor da Ucrânia do presidente Volodymyr Zelensky e contra a Rússia de Vladimir Putin, no conflito que já se arrasta há mais de um ano e ameaça se agravar a cada que passa.

Acontece que o Brasil pouco tem a ganhar com esse posicionamento, que daria as costas justamente para um dos membros do Brics. O alinhamento total com os países ocidentais causaria uma deterioração da relação com outros integrantes do bloco, principalmente a China - justamente onde está Dilma Rousseff. Nesse sentido, a posição brasileira de buscar uma solução para a guerra por meio do diálogo, condenando apenas pontualmente aqui e ali as posturas e atitudes de russos e ucranianos, ajuda o país a retomar uma postura de moderação e maturidade no cenário internacional.

A movimentação lá fora contrasta com as dificuldades de dentro. Com os juros estagnados em um patamar alto e a retomada interna ainda em marcha lenta, a economia do país anda precisando de boas notícias, que poderiam vir na forma justamente dos investimentos estrangeiros, que andavam arredios do Brasil nos últimos quatro anos.

Assim, com os aliados internacionais devidamente tratados e o cenário preparado, a bola da vez está com Dilma. Cabe a ela, agora, chutar para o gol e trabalhar internamente para trazer o máximo de recursos possíveis do Banco do Brics para o Brasil. Para isso, a ex-presidente deverá atuar com maior capacidade de articulação do que demonstrou no período que ocupou o Palácio do Planalto. Se conseguir isso, o bolso dos brasileiros, certamente, agradecerá.

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