Opinião

Visão do Correio: Empregos do futuro

A começar pela previsão de que pelo menos um quarto dos empregos (23%) devem mudar num intervalo de cinco anos, teremos um panorama bem diferente do atual em um espaço relativamente pequeno de tempo

São muitas as lições que podemos tirar do mais recente Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023, divulgado este mês pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), em Genebra, na Suíça. A começar pela previsão de que pelo menos um quarto dos empregos (23%) devem mudar num intervalo de cinco anos, teremos um panorama bem diferente do atual em um espaço relativamente pequeno de tempo.

De um lado, os especialistas destacam aspectos positivos, como a transição verde, quase 70 milhões de novos empregos, o crescimento do acesso digital e a consolidação dos padrões de ESG (sigla para práticas ambientais, sociais e de governança). Mas os aspectos negativos são igualmente desafiadores: a eliminação de 83 milhões de postos de trabalho (de um total de 673 milhões de empregos estimados em todo o mundo), um crescimento econômico lento, a escassez de suprimentos e a temida alta da inflação.

Nesse novo panorama, muda também parte das atividades laborais. Ganham mais espaço os especialistas em Inteligência Artificial e aprendizado de máquina, experts em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação. A previsão é de um crescimento de 30% no número de vagas nessas áreas. Entre os setores mais promissores, estão educação, agricultura e comércio digital.

Apesar de um período de incertezas, que ainda se mantém após a pandemia de covid-19, a expectativa é de que governos e empresas invistam nas mudanças, com foco nos empregos do futuro, impulsionados pela tecnologia e pela digitalização — seja a partir da educação, requalificação e de instrumentos sociais que garantam os direitos individuais dos trabalhadores.

Como parte desses objetivos, o fórum também traçou as 10 principais habilidades (skills) para os próximos anos. São elas: 1) Pensamento analítico, 2) Pensamento crítico, 3) Resiliência, flexibilidade e agilidade, 4) Motivação e autoconsciência, 5) Curiosidade e aprendizagem ao longo da vida, 6) Alfabetização tecnológica, 7) Confiabilidade e atenção aos detalhes, 8) Empatia e escuta ativa, 9) Liderança e influência social e 10) Controle de qualidade. Entre essas competências, o destaque fica por conta da alfabetização tecnológica ou letramento digital — independentemente da faixa etária ou nível social.

Funções relacionadas a big data ou ciência de dados devem impulsionar a criação de empregos — a exemplo de analistas, cientistas e especialistas em análise de dados e aprendizado de máquina, assim como de profissionais de segurança cibernética. Segundo o levantamento, são esperadas 2 milhões de novas funções nas áreas de comércio eletrônico, transformação digital e marketing estratégico. Outras perderão espaço, como setores administrativos e de secretariado, como caixas de banco.

Fato é que a Inteligência Artificial — considerada a "bola da vez" — deve ser adotada por quase 75% das empresas que integram o estudo (no caso 803 empresas que empregam coletivamente mais de 11,3 milhões de trabalhadores em 27 grupos de setores). Aos gestores públicos, cabe a atualização de ferramentas e materiais utilizados na formação de futuros profissionais e o apoio a programas que possam levar aos jovens informações e oportunidades de capacitação para os empregos do futuro.

Mais Lidas