Na semana passada, a página eletrônica do Exército brasileiro (www.eb.mil.br) divulgou a mensagem de fim de ano do comandante, o general de Exército Tomás, na qual ele faz um apanhado sobre o ano de 2023, realçando diversas ações que a Força Terrestre empreendeu no período.
Qualquer observador isento, paisano ou fardado, concordará com os avanços da organização rumo à estabilização das relações institucionais de olho no futuro. A fala do comandante destacou o soldado que há em cada integrante da Força — um cidadão fardado com missão específica em nome da sociedade à qual pertence e se integra.
Foi também uma reflexão indireta sobre o papel intransferível assumido pelo militar, às vezes não compreendido pela população em geral. Instigou a união, baseada na coesão histórica que perpassa cada soldado, herdeiro dos valores e tradições de Guararapes, de Caxias e dos pracinhas na Segunda Guerra Mundial.
O general se vale do dístico tão conhecido da força "Braço forte, mão amiga" para enquadrar as inúmeras e exitosas missões enfrentadas. Segundo o comandante, desafiador foi o epíteto para o ano de 2023. Justifica o sucesso na travessia pelo elevado profissionalismo dos quadros. Estimula seus liderados, reconhecendo o comprometimento com o qual eles e elas enfrentam as adversidades diárias.
Enquadra o Exército na política e na estratégia nacional de defesa, alinhando-o às orientações emanadas do Ministério da Defesa e da Presidência da República, em um contexto claro de instituição de Estado. A mensagem aborda, ainda, a necessidade de reforço dos programas estratégicos, embasando-a na ambiguidade, complexidade, volatilidade e incerteza que o mundo moderno está a impor às nações para defesa de seus interesses.
A peça de comunicação social é endereçada ao público interno. Todavia, serve de vitrine à sociedade, ainda impactada pelos últimos anos de fricções políticas, para que avalie e reconheça o esforço de apaziguamento empreendido pelas Forças Armadas.
Forças Armadas que não medem esforços para estarem presentes onde e quando seus clientes "prime" sentirem a sua falta. Nos 17.000 quilômetros de fronteiras, nos 3,6 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Azul e nos 22 milhões de quilômetros quadrados do espaço aéreo brasileiro, preservando o território nacional contra todo tipo de antagonismo.
No litoral de São Paulo, diante da catástrofe das chuvas de São Sebastião. No Nordeste, diante da tragédia da falta de água no Semiárido. Na Amazônia, diante da seca que transformou rios em estradas pedregosas. Na proteção do meio ambiente, ajudando a manter os biomas livres da depredação sistemática de desavisados.
No apoio às diversas comunidades indígenas, em especial aos ianomâmis, afetadas pela falta de comida, remédios e condições culturais e ambientais adequadas para a sobrevivência. Nos portos, aeroportos e fronteiras, em operação de GLO, diante da dificuldade de outros órgãos de segurança pública atuarem na plenitude de suas capacidades. Em Roraima, para reafirmar a soberania inegociável de nosso chão, em momento de tensão entre países fronteiriços.
Forças Armadas de ontem, de hoje e de sempre, guardiões da estabilidade institucional, vigias contra desvios que levam a soluções não democráticas, farol a indicar saídas dos labirintos construídos pelo maniqueísmo ideológico.
A aproximação do Natal inspira renovação e reflexão. A mensagem do comandante do Exército vai nesse sentido. Renovação do espírito militar e reflexão sobre o futuro.
Ao renovar-se, as Forças Armadas seguem perseguindo os ideais consolidados de nossos antepassados que nos transformaram neste país exuberante e cheio de contrastes, sempre capaz de superar os desafios que se apresentam. Ao refletir, as Forças Armadas indicam a necessidade de promover um espírito de segurança junto à sociedade que a leve a compreender que o futuro desejado só é alcançável se formos capazes de dissuadir nossos adversários.
Como um observador agora afastado das lides castrenses, mas sempre preocupado com o êxito da instituição, sigo otimista, mesmo diante do ano desafiador que enfrentamos. Uso uma referência com termos militares para explicar a tese. Na "marcha para o combate", poucos ficaram pelo caminho, alguns tomaram um desvio incorporando-se a outros grupamentos e defendendo nova bandeira, mas o grosso da tropa seguiu adiante e encontrou, ao fim da jornada, mais uma vez, o olhar acolhedor de aprovação da maioria dos brasileiros por seu incansável trabalho.
Feliz Natal e um ano novo de muitas realizações.
Otávio Santana do Rêgo Barros - General da reserva. Foi chefe do Centro de Comunicação Social do Exército
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