Vacinação

Visão do Correio: A importância da vacinação

O CFM tem por obrigação zelar pelo bom funcionamento da saúde no país. Levantar suspeitas sobre um fármaco tão importante e comprovadamente seguro soa, no mínimo, estranho

. -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
. - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
postado em 16/01/2024 06:00

O Ministério da Saúde, acertadamente, decidiu incluir a vacina contra a covid-19 para crianças entre 6 meses e 5 anos no Plano Nacional de Imunização (PNI). A decisão foi baseada em estudos científicos profundos, que comprovaram a eficiência do fármaco para conter o avanço do novo coronavírus. Somente no ano passado, 135 meninas e meninos nessa faixa etária morreram vitimados pelo vírus. E a razão principal para os óbitos foi a não vacinação.

Infelizmente, um movimento mundial contra a imunização tem levado pais à falsa ideia de que vacinas fazem mal à saúde. Isso a despeito de todas as provas, acumuladas ao longo de décadas, de que esses medicamentos foram fundamentais para erradicar várias doenças e, praticamente, dobrar a idade média de vida da população. No Brasil, antes da vacinação em massa, os cidadãos viviam, em média, pouco mais de 40 anos. Agora, a longevidade chega aos 80. Nunca o país teve tantos centenários, todos vacinados desde a infância.

Pois a onda de inverdades sobre a vacina ganhou, na semana passada, um estímulo para os pais que aderiram ao movimento antivax. O Conselho Federal de Medicina (CFM), pela primeira vez em sua história, decidiu fazer uma pesquisa questionando a comunidade médica sobre o que acha da decisão do Ministério da Saúde de incluir a vacinação de crianças menores de 5 anos contra a covid no Plano Nacional de Imunização. Foi como se o órgão atiçasse fogo no palheiro da desconfiança.

Dado o papel institucional que possui, o CFM tem por obrigação zelar pelo bom funcionamento da saúde no país, inclusive punindo médicos que colocam em risco a vida de pacientes. Mas levantar suspeitas sobre um fármaco tão importante e comprovadamente seguro soa, no mínimo, estranho. Será que o mesmo questionamento será feito, por exemplo, em relação à eficiência da importantíssima vacina contra a dengue, que tem matado como nunca no país? Um tema tão relevante, como o Plano Nacional de Imunização, que é modelo para o mundo, deve ser debatido com toda a responsabilidade possível, sempre no sentido de aprimorá-lo, não no de levantar dúvidas a algo comprovadamente bom para a população.

O debate em torno da pesquisa lançada pelo CFM sobre a vacina contra a covid está movimentando os médicos, a maioria se posicionando contra o questionário. Uma das vozes mais contundentes contrárias ao Conselho está sendo entoada por Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Para ela, perder um filho, uma filha ou um neto para uma doença que pode ser evitada por meio da vacinação é inaceitável. Portanto, é preciso apoiar o Plano Nacional de Imunização, não colocá-lo sob suspeição.

As pesquisas desenvolvidas pelos laboratórios e pelas universidades em busca de proteção para todo tipo de doença estão cada vez mais avançadas, e os resultados aparecendo em prazos menores — até bem pouco tempo, para um imunizante ser incorporado pela rede pública, eram necessários cerca de 10 anos, desde a comprovação de sua eficiência. Mas técnicas cada vez mais modernas, às quais será adicionada a inteligência artificial, reduzirão esse tempo. Há que se ressaltar: não fosse a rapidez na descoberta da vacina contra a covid, a catástrofe da pandemia teria sido maior.

O Brasil perdeu mais de 700 mil vidas durante a pandemia. Certamente, muitas poderiam ter sido salvas se a vacinação tivesse ocorrido mais rapidamente. Diante disso e com toda a segurança dos imunizantes que estão à disposição, ninguém de bom senso pode aceitar que qualquer pessoa morra porque não teve a oportunidade de se proteger. Num mundo em que as notícias falsas se disseminam na velocidade da luz, o desafio de todos, autoridades, médicos, pais, educadores, deve ser no sentido de proteger a vida. E vacinas salvam vidas.

 

 

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