MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Artigo: o alerta de 380 cientistas

Em meio ao noticiário sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, li uma baita reportagem do jornal inglês The Guardian assinada por Damian Carrington. Recomendo

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 07.05.2024 -  (crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini)
PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 07.05.2024 - (crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini)

Os indicadores de catástrofes climáticasse multiplicam e o bicho-homem dá de ombros. Comporta-se como se não fosse comele. Em meio ao noticiário sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, li uma baita reportagem do jornal inglês The Guardian assinada por Damian Carrington. Recomendo.

É o espelho de um mundo doente. Como dizum amigo meu, independentemente dedar atenção ou não ao tema meio ambiente, você não é alienígena. Habita entre nósno maltratado planeta Terra. O The Guardian fez pesquisa exclusivacom os principais cientistas climáticos domundo. Ouviu 380 especialistas vinculadosao Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

O grupo foi criadoem 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Uma das questões é se cumpriremos o Acordo de Paris, ou seja, manter oaumento em até 1,5ºC no aquecimento global neste século.As respostas são apocalípticas. 77% dosentrevistados acreditam que as temperaturas globais atingirão pelo menos 2,5ºC acima dos níveis pré-industriais, ou seja, umnível de aquecimento devastador. Quasemetade, 42%, projetam mais de 3ºC.

Apenas 6% dos cientistas acham que o limitede 1,5ºC será alcançado. A média nos últimos quatro anos é de 1,2ºC. “É só o começo: apertem os cintos”, alerta Jesse Keenan,da Universidade de Tulane, nos EUA.Cientistas preveem fomes, conflitose migrações em massa impulsionadospor ondas de calor, incêndios florestais, inundações e tempestades com uma intensidade e frequência jamais vistos.

Casa com o que a Bíblia registra em Mateus 24.6-8 sobre o “princípio de dores”.Gretta Pecl, da Universidade da Tasmânia, na Oceania, acrescenta: “Estamos caminhando para uma grande perturbaçãosocial nos próximos cinco anos. As autoridades ficarão sobrecarregadas com eventoextremo após evento extremo, a produçãode alimentos será interrompida.

Não poderia sentir maior desespero em relação ao futuro”, opina em entrevista ao The Guardian.Peter Cox, da Universidade de Exeter, noReino Unido, diz: “As alterações climáticasnão se tornarão repentinamente perigosasa 1,5ºC. Já o são.

E não será um game overse passarmos de 2ºC, o que podemos muito bem fazer”, alerta.Uma das entrevistadas é a oceanógrafaLetícia Cotrim da Cunha, da Universidadedo Rio de Janeiro. Ela não destoa: “Estou extremamente preocupada com os custos emvidas humanas”.

Indagados sobre os culpados pela crise climática, 75% elegem a faltade vontade política. Quase 60% a indústriade combustíveis fósseis. Ouros, o fracassodos ricos no socorro aos pobres — maioresvítimas no Rio Grande do Sul. A reportagem do The Guardian cita umcientista sul-africano.

O acadêmico pediuanonimato no duro discurso: “Espero umfuturo semidistópico com dor e sofrimentosubstanciais para as pessoas do Sul do planeta. A resposta do mundo é repreensível.Nós vivemos numa época de tolos”. 

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postado em 11/05/2024 06:00 / atualizado em 11/05/2024 06:00
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