* Maisa Kairalla
A gripe pode parecer uma doença corriqueira para a maioria das pessoas, mas o que muitas pessoas não sabem é que ela pode trazer consequências imprevisíveis para a saúde de todos. Isso ocorre especialmente entre os idosos, pois, após os 60 anos de idade, acontece um fenômeno chamado imunossenescência, que nada mais é do que o enfraquecimento natural do sistema imune, deixando o organismo dos idosos mais vulnerável aos riscos invisíveis da gripe.
Recentemente, foram divulgados os dados de uma pesquisa realizada pela ALS Brasil sobre o conhecimento da população brasileira com relação aos impactos além da gripe nos idosos, e os resultados foram alarmantes. É muito preocupante que familiares, cuidadores e os próprios idosos não saibam os riscos que o vírus influenza (vírus da gripe) pode gerar para a saúde e qualidade de vida dessa população.
Os dados mostraram que 68% dos brasileiros têm pouco ou nenhum conhecimento de que o vírus da gripe pode agravar doenças preexistentes, como doenças cardiovasculares e diabetes, especialmente em idosos. Apenas um terço dos entrevistados mostraram total conhecimento de que esse vírus pode causar um grande impacto em órgãos vitais, como coração, pulmão e cérebro, principalmente, na população com mais de 60 anos. Além disso, 23% dos entrevistados percebem nenhum ou baixo risco associado à escolha de não se vacinar contra a gripe, que é a principal ação para prevenir a doença e suas complicações.
As preocupações aumentam quando analisamos o número de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza em idosos no país. De acordo com dados do Ministério da Saúde, vemos que, em comparação com março de 2023, houve o dobro de casos em março deste ano. Com relação a abril, o número de casos registrados foi 1,4 vezes maior do que no mesmo período do ano anterior para essa população.
Quando olhamos para os casos de internação em UTI, os dados são ainda mais alarmantes. O número de idosos com gripe internados em UTI em março de 2024 foi 2,6 vezes maior do que o registrado em março de 2023. Em abril deste ano, foi 1,6 vezes maior do que o mesmo mês do ano passado.
Sendo assim, é de extrema importância que a população procure informações, seja com seus médicos ou em postos de saúde locais, para conhecer o calendário vacinal recomendado para cada faixa etária, tanto pelo Ministério da Saúde como pela Sociedade Brasileira de Imunizações. Neste momento, o governo está realizando a Campanha Nacional de Vacinação Contra Gripe para toda a população, disponibilizando a vacina trivalente, que confere proteção contra três cepas do vírus, duas cepas do vírus A e uma cepa de vírus B. Para vacinar o público idoso, o governo iniciou a campanha em março.
Já na rede privada, a população encontra mais um reforço, a vacina quadrivalente, que protege contra quatro cepas — com duas cepas de vírus A e duas cepas de vírus B. Além disso, a população idosa encontra uma vacina de alta dose, desenvolvida especialmente para o público acima de 60 anos, que fornece proteção superior contra os casos de gripe e as graves complicações da doença em comparação à vacina de dose padrão.
É preciso que todos estejamos atentos e comprometidos com a proteção da população idosa perante os riscos que o vírus influenza pode ocasionar. Nesse caso, a vacinação segue sendo a melhor e mais eficiente estratégia para a prevenção.
* Médica geriatra e membro da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
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