Opinião

Emérito da educação

Sinto-me muito honrado com a escolha de professor emérito 2024, feita pelos membros dos Conselhos Consultivo e de Administração do CIEE e pela diretoria do jornal O Estado de São Paulo

08/10/2015. Crédito: Edy Amaro/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Analdo Niskier, durante Homenagem a Arnaldo Niskier no Hotel Nacional. -  (crédito: Edy Amaro/Esp. CB/D.A Press)
08/10/2015. Crédito: Edy Amaro/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Analdo Niskier, durante Homenagem a Arnaldo Niskier no Hotel Nacional. - (crédito: Edy Amaro/Esp. CB/D.A Press)

Arnaldo Niskier — Membro da Academia Brasileira de Letras e doutor honoris causa da Universidade Santa Úrsula

"Um país sem educação, sem cultura, é presa fácil de aventureiros, exploradores, políticos. É esse o preço da ignorância." (Gilberto Schwartsmann)

Quando os amigos Minarelli e Casagrande me telefonaram, ambos para dar a notícia de que o meu nome tinha sido aprovado para o troféu Emérito da Educação - 2024, o meu sentimento foi de alegria e profunda gratidão. Era o reconhecimento de 15 anos dedicados especialmente ao CIEE do Rio de Janeiro, com a colaboração prestimosa do amigo Paulo Pimenta, a quem não posso deixar de agradecer, igualmente.

Acho que o júri, na sua unânime sabedoria, levou  também em conta os meus muitos anos de magistério na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e os serviços prestados ao governo do Rio de Janeiro, nas quatro vezes em que, com muita honra, fui secretário de Estado: primeiro de Ciência e Tecnologia, quando construí o Planetário da Gávea; depois de Educação e Cultura, em que pude bater o recorde de escolas criadas e construídas (88 no período de quatro anos); depois na Cultura, quando inaugurei, com o Projeto Oscarito, muitas salas de cinema no interior do Rio de Janeiro; e, por fim, em mais um ano de Educação. 

Foram experiências seguramente notáveis, a que se juntam os oito anos de Conselho Nacional de Educação, quando pude liderar a criação do modelo de educação a distância em nosso país. Certamente, nesse mesmo Conselho, agora, o meu filho Celso, nomeado recentemente pelo presidente Lula, poderá desenvolver estudos que ajudem a nossa educação com o emprego da grande novidade que é a inteligência artificial, de que ele é um respeitável especialista. Certamente, o CIEE está preocupado com essa possibilidade e vai colaborar na medida do possível.

Hoje, aos 89 anos de idade, não quero entregar os pontos e partir para uma cômoda aposentadoria. As pernas incomodam um pouco, sobretudo para um ex-atleta, campeão carioca de basquetebol, mas digo sempre às pessoas que convivem comigo: "Não são as pernas que leem por mim."

Deixei um bom legado de serviços prestados ao CIEE do Rio de Janeiro e, hoje, a minha filha Andréia conduz, com dedicação e competência, a entidade que ampara milhares de estagiários e aprendizes, com um detalhe fundamental: o número de assistidos é cada vez maior, para glória da entidade. Ela é a única mulher no Brasil que preside uma entidade com essas características.

Sinto-me muito honrado com a escolha de professor emérito 2024, feita pelos membros dos Conselhos Consultivo e de Administração do CIEE e pela diretoria do jornal O Estado de São Paulo. Estarei na companhia de figuras ilustres da nossa educação, como Ruth Cardoso, Miguel Reale, Esther de Figueiredo Ferraz, José Pastore, Antônio Cândido, Paulo Vanzolini, Ives Gandra Martins, Rubens Ricupero, Celso Lafer, Delfim Neto, Paulo Nathanael e Vahan Agogyan, vencedor de 2023. Devo uma  palavra de especial carinho ao mestre Paulo Nathanael Pereira de Souza, educador consagrado, que me trouxe para o CIEE e sempre disse que não descansaria enquanto não me visse recebendo esse título. Infelizmente, o destino não permitiu que ele estivesse aqui entre nós, pois faleceu em 2024, mas deixou uma obra notável.

Realizamos muitos trabalhos que marcaram época. Um deles foi nos anos de 2008 e 2009, com o nome de Na ponta da língua, de valorização da língua portuguesa, com a edição de livros que constituíram uma preciosa ajuda aos nossos estudantes. A finalidade era auxiliar os estagiários na tarefa comum de lidar de modo adequado com o nosso riquíssimo idioma. Explicamos de maneira clara as normas de gramática, entremeadas com trechos de grandes escritores e curiosidades sobre a comunidade lusófona.

O CIEE, que é uma entidade filantrópica, ofereceu essa colaboração ao sistema nacional, como forma de valorização da língua portuguesa,  hoje falada por cerca de 240 milhões de pessoas que constituem, em oito países, a comunidade lusófona, que se prepara para viver os novos tempos do emprego da tecnologia da inteligência artificial, com as suas naturais e pertinentes inovações.

Temos a convicção de que Humberto Casagrande tem toda razão ao afirmar que esse prêmio, que homenageia nas suas origens o grande jornalista que foi Ruy Mesquita, do "Estadão", tem a força de um "Oscar da Educação". Serve de inspiração para os mais de 300 mil jovens assistidos pelo CIEE. É com alegria que recebo este prêmio, ao lado da professora Laura Laganá, que ficou com o troféu Guerreiro da Educação, igualmente tradicional.

 

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postado em 20/01/2025 06:00
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