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A ameaça da dengue

O Brasil é o primeiro país a oferecer o imunizante no sistema público de saúde. Vacina segura, eficaz e gratuita. Mesmo assim, estamos ignorando essa proteção e deixando os mais vulneráveis à mercê de uma doença perigosa

Ministério da Saúde reforça combate à dengue em São Paulo -  (crédito: DINO)
Ministério da Saúde reforça combate à dengue em São Paulo - (crédito: DINO)

 A dengue provocou a morte de uma menina de 11 anos em São Paulo — o primeiro óbito pela doença na capital paulista neste ano. É sempre desolador uma vida ser interrompida tão precocemente. E, nesse caso, a tristeza é ainda maior porque ficou a sensação de que a tragédia poderia ter sido evitada. Segundo informações da rádio CBN, a garotinha não tinha sido vacinada contra a enfermidade.

Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos têm mais propensão a desenvolver a forma grave da dengue. Essa faixa etária, inclusive, concentra o maior número de internações, depois dos idosos (para os quais a vacina não é recomendada). Daí o motivo para o Ministério da Saúde ter priorizado esse público infantojuvenil, já que não há doses suficientes para toda a população, por causa da capacidade limitada de fornecimento pelo fabricante.

Apesar da disponibilidade da vacina em unidades de saúde pelo país — incluindo a capital paulista —, a procura pelas doses está baixa, de menos de 40%.

O Brasil é o primeiro país a oferecer o imunizante no sistema público de saúde. Vacina segura, eficaz e gratuita. Mesmo assim, estamos ignorando essa proteção e deixando os mais vulneráveis à mercê de uma doença perigosa.

Lembro o que diz o Artigo 14, parágrafo 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente: "É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias". Portanto, se há meninos ou meninas em sua casa que ainda não tomaram as doses contra a dengue — ou outras doenças —, leve-os para atualizar a caderneta.

A expectativa é de que, em breve, um número maior de pessoas tenha acesso à vacinação contra a dengue, e com doses produzidas no Brasil. A Anvisa concluiu, de forma antecipada, a análise dos dados do imunizante desenvolvido pelo Butantan. Na última terça-feira, o órgão solicitou informações complementares ao instituto para decidir sobre a concessão do registro. Se a vacina for aprovada, o Butantan prevê entregar cerca de 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos.

 

Cida Barbosa
postado em 13/02/2025 06:00
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