Opinião

A ameaça do sarampo

Sarampo pode causar sequelas permanentes ou até a morte, mas é prevenível, com uma vacina segura, eficaz e gratuita

O enfrentamento do Sarampo tem de ser permanente, com vacinação e busca ativa dos que ainda não se imunizaram -  (crédito: Pablo Giovanni/CB/DA Press)
O enfrentamento do Sarampo tem de ser permanente, com vacinação e busca ativa dos que ainda não se imunizaram - (crédito: Pablo Giovanni/CB/DA Press)

Dois casos de sarampo em São João de Meriti (RJ) acenderam o alerta, e o Ministério da Saúde anunciou o reforço de imunização para o Rio de Janeiro. A pasta informou que vai enviar ao estado 1 milhão de doses da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola.) — 400 mil delas já foram entregues.

A resposta à ameaça tem mesmo de ser imediata. O sarampo é uma doença altamente contagiosa, e a facilidade de propagação exige medidas céleres. Para se ter uma ideia, a pessoa infectada pode transmitir o vírus dias antes do aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo, ou seja, tem potencial para espalhá-lo mesmo antes de saber que está com a doença. De acordo com o ministério, a possibilidade de um infectado transmitir o vírus para pessoas próximas que não estejam imunes é de 90%.

A negligência com essa doença pode ser fatal. Entre as complicações, estão pneumonia — causa mais comum de mortes por sarampo entre crianças pequenas; infecção no ouvido, que pode levar à perda auditiva permanente; inflamação no cérebro e morte.

No mês passado, a Opas/OMS disparou um alerta epidemiológico devido ao aumento de casos em vários países das Américas. Até 21 de fevereiro, havia 268 casos confirmados, na Argentina, no Canadá, no México e nos Estados Unidos. No mesmo período do ano passado, foram 60 os casos confirmados.

Os Estados Unidos registraram, em fevereiro, a primeira morte de criança pela doença em uma década: uma menina de 6 anos não vacinada. Na semana passada, outra garotinha, 8, também sem imunização, perdeu a vida em decorrência do sarampo. Ambos os casos aconteceram no Texas, que vive um surto da enfermidade. Para complicar, o secretário de Saúde do governo norte-americano é cético quanto ao efeito de vacinas. E nós sabemos bem a dimensão do dano que uma gestão negacionista pode causar, vide a mortandade na pandemia de covid-19, quando estávamos sob um governo que emitia sinais dúbios a respeito dos imunizantes e achincalhava a ciência.

Como o vírus não respeita fronteiras, quando ocorrem surtos em outras nações, o risco aumenta por aqui, mesmo o Brasil tendo o certificado de país livre do sarampo, reconquistado no ano passado.

O enfrentamento, portanto, tem de ser permanente, com vacinação e busca ativa dos que ainda não se imunizaram. Se há crianças ou adolescentes em casa com doses em atraso, leve para atualizar a caderneta. Quem tem até 59 anos e não se vacinou também deve procurar unidades de saúde para receber a proteção. Embora adultos sejam menos suscetíveis a casos graves da doença, têm potencial para transmiti-la, o que ameaça crianças — as mais impactadas — e outras pessoas, que, por um motivo ou outro, não podem ser imunizadas.

Sarampo pode causar sequelas permanentes ou até a morte, mas é prevenível, com uma vacina segura, eficaz e gratuita.

 

 

postado em 10/04/2025 06:00
x