Opinião

Poeta do rock

Cazuza comemoraria neste mês 67 anos. Por conta da data, alguns eventos vêm ocorrendo para homenagear o pop star que partiu para outra dimensão em 7 de julho de 1990

. -  (crédito: Credito/CB/D.A Press)
. - (crédito: Credito/CB/D.A Press)

Se vivo estivesse, Agenor de Miranda de Araújo Neto, o Cazuza, comemoraria neste mês 67 anos. Por conta da data, alguns eventos vêm ocorrendo para homenagear o pop star que partiu para outra dimensão em 7 de julho de 1990, deixando precioso legado, hoje armazenado na memória afetiva de incontáveis fãs.

Refiro-me ao posicionamento de Cazuza enquanto cidadão e à contribuição artística representados por shows memoráveis e uma série de belas canções, para as quais escreveu letras como as de Bete Balanço, Codinome Beija-Flor, Exagerado, Ideologia, Maior abandonado, O tempo não para, Por você, Preciso dizer que te amo e Pro dia nascer feliz. Todas se transformaram em hits.

Outras duas podem ser apreciadas atualmente, de segunda-feira a sábado, à noite, por integrarem a trilha sonora do remake de Vale tudo: Faz parte do meu show e Brasil, interpretada por Gal Costa e ouvida na abertura da novela. Há ainda Poema, incorporada ao repertório de Ney Matogrosso, com quem Cazuza manteve uma relação homoafetiva.

Estava em meio as 200 mil pessoas que formaram um gigantesco coro ao ouvirem Cazuza soltar a voz em Pro dia nascer feliz, no show do Barão Vermelho, banda da qual era o vocalista, no histórico Rock in Rio de 1985, em pleno verão carioca. Nos juntamos a ele para celebrar a retomada da democracia, depois de 20 anos da nefasta e truculenta ditadura militar.

Seis meses depois, o Barão se apresentou em Brasília e lotou o Ginásio Nilson Nelson. Antes do show, entrevistei Cazuza. Durante a conversa, ele me adiantou que, após a turnê, deixaria a banda e daria início à carreira solo — o que ocorreu em janeiro de 1986, com show no Teatro Ipanema.

De volta ao presente: parte do acervo deixado pelo cantor está exposto na School of Rock, na Rua Farme de Amoedo, em Ipanema. A grande exposição, porém, denomina-se Cazuza exagerado, organizada pela mãe Lucinha Araújo e Ramon Nunes, responsável também pela curadoria.

A mostra, que aborda múltiplas facetas de Cazuza, poderá ser apreciada a partir de 12 de junho, no Shopping Leblon, localizado no bairro homônimo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que era, para ele, uma espécie de quintal.

Anunciada como uma experiência imersiva, a exposição, que ocupará espaço de 1.200 metros quadrados, reunirá fotografias, manuscritos, figurinos, objetos pessoais, letras de músicas originais, cartas e registros raros em áudio e vídeo. Serão nove salas temáticas, com relatos de acontecimentos da época da infância, assim como dos períodos em que cantor integrava o Barão Vermelho e o da carreira solo.

Recentemente, Lucinha lançou Protegi seu nome por amor, um livro volumoso, de 620 páginas, ao qual tive acesso, que deve ser visto como uma fotobiografia, com prefácio de Gilberto Gil, sob o título Cazuza vive e ficará vivo.

Outra obra é Meu lance é poesia, um compêndio que reúne 238 poemas de Cazuza, sendo 27 inéditos, escritos entre 1975 e 1989. Entre eles, há os que incluem versos alternativos de canções famosas como Eu queria ter uma bomba. A edição também é supervisionada por Lucinha Araújo. Tem mais: a Globoplay está preparando um especial sobre o cantor.

 

IR
postado em 15/04/2025 06:00
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