Vou pecar e já peço perdão! Sinto inveja de Mateus, Marcos e Lucas, autores dos evangelhos sinóticos sobre a vida de Jesus. Eles viram, ouviram, registraram, apuraram, checaram e publicaram mínimos e máximos detalhes sobre a vida do Cristo. Como jornalista, gostaria de ter feito matérias e reportagens especiais sobre o maior personagem da história. Vivido aquele época. Sorte deles.
Neste ano, faço uma imersão na história por trás da redação de cada evangelho (boas notícias) nos nossos estudos na Igreja Batista Filadélfia, no Guará II. Mateus, por exemplo, também chamado de Levi, era filho de Alfeu. Profissão: cobrador de impostos a serviço de Roma, em Cafarnaum, o QG de Jesus. Chamado pelo Mestre para o colégio apostólico, o publicano rico abandonou tudo para segui-lo e escreveu uma obra completa no ano 60 d.C.
Originalmente, o evangelho de Mateus teria sido redigido em língua semítica, aramaico e depois traduzido para o grego. O livro foi dirigido aos judeus com a intenção de apresentar Jesus como o Messias anunciado no Velho Testamento, em confirmação às profecias. Uma curiosidade: as palavras "cumprir", "reino" e "dos céus" aparecem 60, 55 e 35 vezes, respectivamente, nos 28 capítulos. Um dos detalhes é a apresentação da genealogia de Jesus. Mateus estabelece conexões com Davi e Abraão por se dirigir aos judeus.
Marcos, conhecido na Bíblia também como João Marcos, era filho de Maria, homônima da mãe de Jesus. Foi companheiro de Paulo e do primo, Barnabé, em viagens missionárias. A principal fonte do evangelho escrito por Marcos foi um dos discípulos mais próximos de Jesus: Pedro. Pesquisadores apontam que ele era analfabeto. Portanto, contava as histórias para Marcos e este as escrevia. Há quem diga até que o livro deveria se chamar evangelho de Pedro — e não de Marcos — devido às origens do conteúdo.
Cronologicamente, Marcos foi o primeiro evangelho publicado. Lá por volta do ano 50 d.C. É o mais curto, destinado especialmente aos romanos, que não tinham interesse no cumprimento de profecias e dogmas judaicos. Eles demandavam praticidade na descrição dos atos do personagem.
O evangelho de Marcos é chamado de "Filme do ministério de Cristo" por causa da narrativa rápida e objetiva. Conta 18 milagres. Não é uma biografia. Descreve apenas um ano da vida de Jesus de forma intensa. Marcos compartilha como Jesus transformou a vida de pessoas em tão pouco tempo. As ações interessam mais do que os ensinamentos. O "jornalista" retrata a confirmação genuína de gente como Pedro e um centurião romano de que Jesus é o Filho de Deus.
Chamado de "médico amado", Lucas é citado no Novo Testamento como parceiro de Paulo nas expedições missionárias. Estudos apontam que ele também teria sido advogado. Um intelectual, pesquisador. Único escritor não judeu de toda a Bíblia, entregou a obra em 60 d.C. Um relato direcionado aos gregos, especialmente a Teófilo, considerado mecenas e editor do livro. Cristo é apresentado pelo "jornalista" como homem perfeito.
Lucas dá voz aos excluídos. Ao dirigir-se aos gregos, fala em salvação para todos e dá voz às mulheres: Maria, Isabel, Marta...
Eu poderia falar também sobre João, mas fica para a próxima. Em tempos de Semana Santa, deixo o convite: leia os evangelhos: mensagens de boas-novas. Feliz Páscoa!
