
» JOSÉ NATAL, Jornalista
Em abril, a cidade soprou velinhas pelos 65 anos de vida. Idade simbólica, que confirma, na prática, alto grau de política, que supera problemas e conduz com sabedoria os rumos da democracia no país. A se confirmar o previsto, teremos no desenho sucessório de 2026 no Distrito Federal um elevado número de mulheres participando das disputas eleitorais. Seja a cargos majoritários ou atuantes de alguma forma na busca de um lugar no parlamento. A festa acabou, a meta agora é o voto.
O cenário atual, sujeito a rabiscos, insere na disputa o nome de algumas mulheres que ocupam espaço diário na mídia, com movimentos declarados visando um lugar no podium ano que vem.
O nome que mais tem holofotes no momento é o de Celina Leão, por motivos óbvios. Beirando os 50 anos, em janeiro de 2023 assumiu as rédeas do Governo do Distrito Federal (GDF) interinamente, substituindo Ibaneis Rocha, punido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de pataquadas no fatídico 8 de Janeiro que ninguém esquece. De forma meteórica, Celina ganhou espaço, conjugando verbos no tempo certo, e há quem diga que seu lugar no Buriti está garantido ano que vem. A oposição faz críticas à sua falta de experiência, alguma dose de arrogância e ninguém aposta que a relação de afago e afeto com Ibaneis Rocha ainda é a mesma de tempos outros. Há controvérsias quanto ao delicado caso BRB-Banco Master. Quanto a sua dedicação ao trabalho, não se tem notícias negativas. No quesito simpatia pessoal junto ao público, também se destaca.
Na mesma faixa etária, disposta a desafios, a empresária Paula Belmonte, do Cidadania, não economiza energias e, dia sim dia não, visita comunidades, caminha por ruas e becos e leva recados a todas as tribos. Anuncia que será candidata ao GDF e que educação, assistência social solidária e a luta pelos direitos da mulher ocupam espaço privilegiado. Aqui mesmo, nas páginas do Correio, em artigo recente, manifestou sua indignação sobre a violência contra a mulher e pregou a ação urgente das autoridades. Quer um assento no Buriti e garante luta ferrenha para chegar lá. Mãe dedicada, investe nas políticas em defesa das crianças, no seu entender o melhor caminho para um futuro melhor. Seu potencial de voto ainda será testado, mas a sua competência como parlamentar especialista garante saldo positivo.
Ainda no chamado tempo de análise e medição da temperatura do ambiente político, a deputada Bia Kicis, do PL, e a senadora Damares Alves, do Republicanos, com certeza terão espaço assegurado na busca por votos. Bia Kicis tem um histórico recheado de arruaças jurídicas contra jornalistas e veículos de comunicação. Na briga por votos, isso é ruim, mas é bom.
Sempre pronta a entrar no ringue, Damares Alves, que foi ministra de Bolsonaro, tem no currículo uma coleção de atos polêmicos. É dela a máxima de que "menino veste azul, menina veste rosa" — frase cunhada quando se revelou defensora ferrenha da moral e dos bons costumes. Símbolo da direita feminina em Brasília, Damares é aquela mesma que, em 2023, com quase 49% dos votos para o Senado, destruiu em uma semana o reinado de Flávia Arruda, por alguns meses a queridinha do Planalto.
Ainda com ar de mistério, Michele Bolsonaro, ex-primeira dama da república, insiste em deixar no ar o que de fato pensa de sua carreira política. Pesquisas sinalizam boa aprovação de seu nome numa disputa à Presidência da República ou ainda ao comando do GDF. Fora do páreo, Bolsonaro faz charminho e não declara apoio definitivo. Talvez por birra, ou frustração. Quem é do ramo entende esse problema. O protagonismo da mulher é fato consumado.
Teremos dias de emoções para as próximas eleições. Há quem diga que José Roberto Arruda pode se livrar dos problemas com a Justiça e voltar às urnas. Izalci Lucas, agora no PL, também tem seu nome citado, e no PT a falta de um nome competitivo já incomoda Lula e vizinhos. Sem dizer sim nem não, o empresário Paulo Octávio apenas ouve convites do setor e dos amigos para que olhe para o Buriti com lentes de aumento. Gilberto Kassab, presidente de seu partido, dá carta branca para livre escolha.
As nuvens que Ulysses Guimarães enxergava continuam mudando de lugar. Amanhecem por aqui, à tarde estão acolá. Cabeças políticas também são assim. Vá entender.