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Vacinação: A importância de garantir acesso livre à população

Caminhamos para trás por anos, portanto, a recuperação das altas coberturas vacinais é trabalho hercúleo

. -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
. - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um dos compromissos assumidos pelo atual governo foi de recuperar as altas coberturas vacinais no Brasil, fazer o país voltar ao patamar de imunização preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Motivo de grande alívio, sim, após passarmos por uma gestão marcada pelo negacionismo científico, por tentativas de demover a população de se proteger, pela emissão de sinais dúbios sobre vacinação.

E de 2023 para cá, de fato evoluímos na cobertura vacinal, graças a uma série de ações do Ministério da Saúde. Em janeiro último, a pasta anunciou o aumento expressivo no número de municípios que superaram a meta de 95% de aplicação de doses do calendário infantil. E a confiança da população nos imunizantes também dá sinais de estar em elevação.

No entanto, pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), divulgada na última segunda-feira, mostrou que um em cada três municípios relata falta de vacinas. Conforme o levantamento, o desabastecimento mais frequente tem sido de doses contra catapora (32%). Na lista aparecem, em seguida, a tetraviral (16%), a covid adulto (9%), a covid criança (8%) e a dengue (8%).

Em relação à primeira edição da pesquisa, de setembro do ano passado, houve queda de 64,7% para 33,7% no número de municípios que registraram falta de vacinas. Mesmo assim, a CNM ressalta que "o dado indica um cenário bastante preocupante, que evidencia a distribuição irregular de doses, o que gera sérios desafios à gestão local".

O ministério diz que mantém o cronograma de entrega de vacinas aos estados, responsáveis pela distribuição aos municípios. Mas, pelos dados apresentados na pesquisa da CNM, há falhas em algum ponto do processo, o que pode comprometer todo esse movimento em defesa da vida. É desafio à União, aos estados e aos municípios detectar e eliminar os gargalos para evitar a instabilidade e assegurar estoques regulares.

Somente com a garantia, a todos os entes federativos, de acesso às vacinas, o país terá condições de alcançar o índice seguro de imunização e, consequentemente, evitar a reintrodução de doenças que estavam erradicadas ou controladas por aqui.

Caminhamos para trás por anos, portanto, a recuperação das altas coberturas vacinais é trabalho hercúleo. Envolve o combate à percepção errônea, de parte da população, de que algumas doenças não oferecem mais perigo; o enfrentamento às notícias falsas; a conscientização de os imunizantes são seguros e eficazes; e, especialmente, a garantia de acesso às vacinas.

 


postado em 05/06/2025 06:00
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