Visão do Correio

Confiança sanitária para a retomada das exportações

O impacto do surto de gripe aviária foi regionalizado, não comprometeu o abastecimento nacional nem provocou alta dos preços ao consumidor final (houve até ligeira queda).

Entretanto, especialistas apontam desafios e limitações: o risco de gripe aviária, a necessidade de estrutura e tempo para cuidar das aves, e o fato de que galinhas caseiras produzem menos ovos que as aves industriais. -  (crédito: Freepik - wirestock)
Entretanto, especialistas apontam desafios e limitações: o risco de gripe aviária, a necessidade de estrutura e tempo para cuidar das aves, e o fato de que galinhas caseiras produzem menos ovos que as aves industriais. - (crédito: Freepik - wirestock)

Após 28 dias sem registro de novos casos de gripe aviária em granjas comerciais, o Brasil dá um passo importante rumo à normalização das exportações de carne de frango. A rápida contenção do foco identificado no Rio Grande do Sul evidencia não apenas a eficiência do sistema sanitário nacional, mas também a maturidade de um setor estratégico para a economia brasileira.

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Para conter o foco e evitar disseminação, foram implementadas medidas emergenciais de biossegurança, fiscalização e destruição de aves infectadas, o que gerou gastos extras para produtores e governos estaduais e federal. Agora, é preciso retomar os esforços diplomáticos e as negociações comerciais para restabelecer plenamente as exportações.

O impacto do surto de gripe aviária foi regionalizado, não comprometeu o abastecimento nacional nem provocou alta dos preços ao consumidor final (houve até ligeira queda). O efeito mais profundo concentrou-se no setor exportador. Ainda que a reação das autoridades sanitárias e produtores tenha sido rápida, o surto trouxe instabilidade no mercado internacional.

Diversos países impõem restrições automáticas à importação de carne de frango em caso de surto, mesmo que isolado. Isso levou à suspensão provisória das compras por mercados importantes. China, União Europeia, México, Chile, Uruguai, Canadá, Argentina, Coreia do Sul, Filipinas, Índia, Malásia, Marrocos, Paquistão, Peru, República Dominicana, Bolívia, Sri Lanka, Albânia e Namíbia interromperam a importação do frango brasileiro em caráter nacional.

Japão, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Jordânia suspenderam produtos originários diretamente de Montenegro; Rússia, Arábia Saudita, Reino Unido, África do Sul, Belarus, Armênia, Turquia e Cazaquistão suspenderam as importações de todo o Rio Grande do Sul.

A perspectiva do setor é de retomada gradual das exportações e recomposição das receitas. Ainda que o episódio sirva de alerta sobre a vigilância constante que a gripe aviária impõe ao comércio global, o Brasil demonstrou a capacidade técnica instalada para lidar com emergências sanitárias. Cabe agora trabalhar para que os países compradores reconheçam esse esforço e retomem, com segurança, as relações comerciais suspensas por precaução.

O episódio também reforça a necessidade de investimentos contínuos em vigilância sanitária para proteger um dos setores mais dinâmicos do agro brasileiro, responsável por cerca de US$ 10 bilhões anuais em exportações. A avicultura é um dos pilares do agronegócio, com forte presença no mercado internacional e papel central na geração de empregos e divisas. A pronta resposta das autoridades sanitárias e do setor privado ao surto reforça a credibilidade do Brasil como fornecedor confiável de proteína animal. Mas é preciso vigilância permanente: qualidade e produtividade caminham de mãos dadas com a confiança sanitária.

 

 

postado em 21/06/2025 06:00
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