Estou numa lista que me dá muito orgulho: concorro ao prêmio dos 100 Jornalistas Mais Admirados do Brasil. Antes que eu cometa o desatino de pedir seu voto, afinal, estamos no último fim de semana de votação, gostaria de dizer o que me trouxe até aqui. Quando digo "aqui" refiro-me ao meu lugar no mundo: a redação. Este é o meu lugar de conforto desde o arriar das malas, o lugar onde nasci para um mundo totalmente novo e imprevisível, o lugar onde queria estar desde que comecei meu curso de jornalismo — ou até antes, desconfio. O lugar das tensões, mas também das infinitas alegrias.
Não há um dia em que eu não lide com a contradição do mundo, das notícias, da vida que se apresenta ao olhar de um repórter. Mas eu não conseguiria pensar em uma profissão que me traria mais alegrias do que esta. Portanto, se for para me admirar que seja pela alegria que sinto em servir ao jornalismo. Não é todo mundo que consegue atender ao chamado existencial. Jornalismo é minha vocação. E eu sou privilegiada.
Posso provar minha alegria. Vejam que semana eu tive, meus amigos. Vou listar alguns momentos. Na segunda, ouvi o som da risada de Fafá de Belém, que veio ao CB Poder falar de COP30 e dos projetos dela. A gargalhada de Fafá é tão contagiante que ainda posso ouvi-la. Ela reverbera, amplifica, se estende. Fafá é um estado de espírito e ele é feliz demais.
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Na terça-feira, cheguei ao velho Beirute, o lugar que me apresentou outra Brasília e me fez me apaixonar por ela lá no passado, e fiquei genuinamente feliz vendo a fila que se desenrolava pela calçada para pegar o autógrafo do meu amigo de redação Severino Francisco, que em parceria com Dea Barbosa, escreveu Clodo, Climério e Clésio: A profissão do sonho, a biografia dos irmãos Ferreira. Que alegria também ver Climério ser aplaudido de pé no velho Beira lotado como nunca. Foi um grande arrebatamento. Encontrei tantos amigos que não via faz tempo. Antes, ainda recebemos na redação da TV Brasília, os filhos do Clodo, em uma homenagem ao pai.
Cito mais um encontro maravilhoso, com Vera Fischer, o ator Leonardo Franco e o escritor Eduardo Bakr, que estão em Brasília com a peça O casal mais sexy da América e foram ao CB Poder Especial, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Às jornalistas Adriana Bernardes e Sibele Negromonte, os intérpretes falaram sobre as temáticas que envolvem o espetáculo, em especial o etarismo. Irei vê-los hoje no palco, esse lugar tão especial.
A entrega no teatro é das sensações mais sublimes e podemos sentir isso da plateia. Conheci muitos e muitos artistas na redação ao longo dos anos. Tive o privilégio de receber muitas personalidades incríveis e ouvi-las. Na entrevista, Vera disse algo que me aproximou dela em certo aspecto: "Se você tem um arquivo dentro de si sobre personagens de filmes, de livros e de peças de teatro, é mais fácil de colocar para fora". Achei bonita a imagem de um "arquivo dentro de si" porque é isso que eu carrego também. Dentro de mim, moram muitas memórias do jornalismo, sobretudo as alegres.
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Não há um só dia que eu não sinta alegria por ser jornalista. Como diria o grande Arlindo Cruz, que se despediu deste mundo na última sexta-feira, "o meu lugar é cercado de luta e suor; esperança num mundo melhor e cerveja pra comemorar… O meu lugar é sorriso, é paz e prazer". Pronto, agora, vai lá na página do Portal dos Jornalistas e vota na minha alegria. Já te mando um sorriso de gratidão.
