
Quem conviveu com Clodo, Climério e Clésio, o trio de irmãos piauienses radicado em Brasília, certamente tem lembranças vívidas e gostosas. Eles moraram na 312 Norte, uma das quadras onde a cultura raiz brasiliense se fez mais presente. Quem cresceu nas quadras do Plano Piloto, há de lembrar dos violões debaixo do bloco, uma entidade da cultura candanga.
Os irmãos lecionaram na Universidade de Brasília (UnB), mais precisamente na Faculdade de Comunicação. Colecionaram alunos, fãs e discípulos. Compositores, poetas, músicos, artífices da palavra dita e cantada, e seres humanos de uma simplicidade tão invejável quanto complexa (porque difícil de alcançar), os três mereciam uma homenagem digna da riqueza de sua produção e sua biografia.
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Para fazer essa justiça, meu amigo, grande escritor, repórter e subeditor do Diversão & Arte, Severino Francisco, entregou seu talento absurdo ao projeto de pesquisa de Dea Barbosa, amiga dos irmãos. Dessa união, nasceu o livro Clodo, Climério e Clésio: A profissão do sonho, a biografia do trio, parceria de Dea com Severino.
Podemos dar infinitos spoilers que não vai perder a graça. Tanto é que tem reportagem boa assinada por Nahima Maciel sobre a obra na edição de hoje, incluindo entrevista com Climério, o único dos irmãos que ainda está entre nós, no YouTube do Correio.
Com cinco álbuns gravados na condição de trio e mais de 20 composições de sucesso, registradas por algumas das vozes mais importantes da música brasileira, como Fagner, Ney Matogrosso, Milton Nascimento, MPB 4, Fafá de Belém, Elba Ramalho, Dominguinhos e Mastruz com Leite, os irmãos, segundo Severino, são "personagens da resistência pacífica" ao próprio mercado, do qual mantiveram distância segura, tamanha era a verve anticelebridade."Eu os vejo assim como índios yanomamis, índios da paz, da festa, da felicidade", disse Severino na matéria.
O livro conta com depoimentos de artistas importantes, que gravaram composições dos irmãos. Algumas delas foram sucessos estrondosos, como Revelação, na voz de Fagner, e Enquanto engoma a calça, interpretada por Ednardo. Narra ainda a história dos irmãos, cada um com seu temperamento peculiar, que Severino descreve lindamente: "Clodo era um intelectual público, participou de ações educativas na política interna da UnB e na Secretaria de Educação do DF, foi um dos criadores do bloco de frevo Galinho de Brasília. Clésio era silencioso, misterioso, afetuoso e secreto. Um amigo o definiu como um nordestino movido à bondade e à poesia. E Climério é um habitante do silêncio, recluso, mas que abre uma janela para o mundo no Facebook, onde publica um poema por dia.
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Três personalidades brasileiras fantásticas, que embalam ainda gerações com suas composições. Te convido para prestigiar o lançamento desse livro, que é puro afeto. Na próxima terça, às 19h, no Beirute da 109 Sul, a obra será lançada oficialmente.
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