OPINIÃO

A ONU ainda tem razão de existir?

"Se você já questionou a existência do organismo internacional, não se sinta mal: é provável que muitas outras pessoas no mundo tenham passado pelo mesmo pensamento"

Salão da ONU em Nova York: onde o mundo se encontra -  (crédito: Ludovic MARIN / AFP)
Salão da ONU em Nova York: onde o mundo se encontra - (crédito: Ludovic MARIN / AFP)

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em um momento delicado das relações internacionais: 1945, no pós-Segunda Guerra Mundial. Na teoria, o objetivo do organismo é "manter a paz e a segurança global, promover o desenvolvimento e os direitos humanos e facilitar a cooperação internacional para resolver problemas econômicos, sociais e humanitários". Na prática, contudo, a organização frequentemente se vê encurralada na guerra de interesses entre as grandes potências mundiais. É fácil cair no discurso de que a "ONU não serve para nada". Mas até que ponto a pessimista afirmação é verdadeira?

Se você já questionou a existência do organismo internacional, não se sinta mal: é provável que muitas outras pessoas no mundo tenham passado pelo mesmo pensamento. Em julho deste ano, o próprio presidente Lula criticou o Conselho de Segurança da ONU por ser incapaz de frear o avanço de Israel em Gaza. O líder do Executivo foi categórico ao apontar que a organização sofria de "perda de credibilidade e paralisia".

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Nos últimos anos, essa percepção parece ter se acentuado. É a guerra na Ucrânia, o colapso da sociedade civil no Haiti, o conflito entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) e o Exército do Sudão, os ataques de rebeldes do grupo M23 na República Democrática do Congo, a resistência contra a junta militar em Myanmar e, claro, a tragédia humanitária em Gaza. As crises no mundo não param de crescer. Diante disso, a população global precisa de algo — ou de alguém — para depositar as esperanças de resolução, e o nome que frequentemente aparece é o da ONU.

Os poderes do órgão, contudo, são limitados. No Conselho de Segurança, por exemplo, os "assuntos importantes" só podem ser aprovados com nove votos favoráveis. O detalhe está no "poder de veto": se um dos cinco membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) barrar a decisão, a discussão se encerra.

Mas, afinal, a ONU ainda tem razão de existir? Sim, definitivamente.

Hoje, o presidente Lula sobe ao púlpito da Assembleia Geral da ONU para fazer o tradicional discurso de abertura. A posição do presidente não é fácil: diversos desafios devem entrar no discurso.

A reunião é um palco de debates sobre os problemas prioritários da comunidade internacional. Guerras e conflitos mundo afora estarão no centro das discussões entre os representantes de 193 países.

Na preparação para a assembleia, alguns avanços já ocorreram. Canadá, Austrália e Reino Unido reconheceram oficialmente o Estado Palestino neste domingo. A França fez o mesmo no dia seguinte. Durante o evento, há expectativa de que outros países sigam pelo mesmo caminho. A criação do Estado Palestino pode ser o primeiro passo para intensificar a pressão pelo fim do conflito na região.

E, para os que acham que a ONU está distante da realidade cotidiana, vale lembrar: existe a possibilidade de um encontro entre Lula e Donald Trump durante a assembleia. Uma chance de resolver impasses recentes entre os dois países de maneira menos truculenta do que tem ocorrido.

 

 

  • Google Discover Icon
postado em 23/09/2025 05:00
x