Artigo

"Dindinha", um exemplo

É urgente que o governo brasileiro incentive, de todas as formas possíveis, as pesquisas científicas para chegar à descoberta de uma cura, o quanto antes

Primos, irmã e sobrinhos com Adriana Reis
 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Primos, irmã e sobrinhos com Adriana Reis - (crédito: Arquivo pessoal)

Adriana, minha cunhada e comadre, é um exemplo de resiliência e de amor pela vida. Diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica (ELA) aos 43 anos, em 2023, ela fará aniversário, na sexta-feira, rodeada de amigas — e são muitas — e de familiares, em Minas Gerais. Adriana me ensina muito. Mesmo em momentos tão difíceis, lança mão do bom humor e do sorriso. Encontra forças para superar as várias limitações impostas pela sociedade a uma cadeirante. Adriana é professora. Não no sentido literal (ou empregatício) do termo. Ela ensina a todos a viver o hoje e a enfrentar as dificuldades com dignidade.

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"Dindinha", como costumo chamá-la (ela é a madrinha do meu filho), assim como todas as 352 mil pessoas que convivem com a doença no mundo, sonha com a cura. Apesar de não existirem estatísticas, no Brasil, acredita-se que sejam cerca de 10 mil pacientes no país. São pessoas que merecem um tratamento exemplar da rede pública de saúde, além de acesso gratuito e rápido a medicamentos que podem ajudar a desacelerar a progressão da ELA. Sobretudo, um acolhimento multidisciplinar gratuito, com o envolvimento direto de psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e neurologistas.

É urgente que o governo brasileiro incentive, de todas as formas possíveis, as pesquisas científicas para chegar à descoberta de uma cura, o quanto antes. Mas, também, que as autoridades facilitem que os pacientes façam parte, na condição de voluntários, de estudos e de testes promissores nas principais universidades do mundo. Isso inclui o custeio de passagens aéreas, hospedagem, alimentação e transporte até os centros de pesquisa.

Em 20 de setembro passado, o papa Leão XIV enviou uma mensagem às pessoas com esclerose lateral amiotrófica. "Vocês receberam um fardo importante para carregar. Eu gostaria que não fosse assim. No entanto, seus sofrimentos oferecem uma oportunidade para descobrir e afirmar uma verdade profunda: a qualidade da vida humana não depende dos resultados alcançados. A qualidade de nossas vidas depende do amor. Em seu sofrimento, vocês podem experimentar uma profundidade do amor humano anteriormente desconhecida", afirmou o líder católico.

Apesar do sofrimento, o amor tem sido uma constante na vida da Adriana. As visitas de amigos à casa de minha sogra são frequentes; algumas viajam até 500km para compartilhar do sorriso, da alegria e da força de minha cunhada. Uma rede de apoio à pessoa com ELA é essencial. Porque o amor alimenta, fortalece, revigora.

Quem teve a oportunidade de conhecer a Adriana sabe o quanto é privilegiado. Espero que, na próxima sexta-feira, ela esteja cercada de muito amor, e que sua vida possa ser celebrada com alegria e música, beijos, abraços e sorrisos. Como ela gosta. Obrigado por tanto nos ensinar, Dindinha!

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postado em 03/12/2025 06:03 / atualizado em 03/12/2025 16:27
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