Governo volta a contratar blogueira impedida por falta de qualificação

Blogueira e youtuber Monique Baptista Aguiar vai trabalhar como coordenadora de Projetos Especiais da Diretoria-Executiva da Funarte

Luiz Calcagno
postado em 10/08/2020 14:34 / atualizado em 10/08/2020 14:35
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, nomeou uma blogueira e youtuber para trabalhar como coordenadora de Projetos Especiais da Diretoria-Executiva da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Monique Baptista Aguiar já estava no radar do ministro e já tinha sido indicada para integrar a coordenação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio de Janeiro, em abril, mas não pode assumir a indicação por falta de qualificação.

Embora se apresente como turismóloga, a influencer digital não tem formação superior em turismo. Além disso, não tinha experiência em áreas relacionadas. Exigências do Decreto Número 9.727, de 15 de março de 2019, assinado pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro. Em abril, a Controladoria Geral da União apontou a impossibilidade de nomeação. Mas, nessa segunda tentativa, o ministro do Turismo a nomeou para um cargo DAS 3, conforme informou o Diário Oficial da União desta segunda-feira (18/8). A blogueira é apoiadora do presidente.

Reverenda

Essa não é a primeira vez que o ministro do Turismo entra em conflito com as normas criadas pelo próprio governo ao tentar nomear um funcionário. Em 7 de fevereiro, Marcelo Álvaro Antônio demitiu Janícia Silva, mais conhecida como Reverenda Jane, do cargo de secretária adjunta de Cultura. Ela faria chefiaria a secretaria enquanto a atriz e ex-global Regina Duarte não tomava posse.

Nos bastidores, se falava de uma insatisfação da atriz com a escolha. Mas, o currículo da empresária e pastora evangélica também não ajudaram. As experiências da religiosa como empresária dificilmente atenderiam os pré-requisitos necessários para a função, conforme exige o decreto presidencial de março de 2019.

Entre os diversos requisitos exigidos pelo decreto para que um indicado assuma uma secretaria ou secretaria adjunta está, por exemplo, ter “formação acadêmica compatível com o cargo ou a função para o qual tenha sido indicado”. O texto inclui outras exigências, tais como experiência em gestão pública de, no mínimo, três anos, possuir título de mestra ou doutora em área correlata, ter exercido em outro órgão ou entidade, atividade semelhante à de secretária adjunta (ou de secretária) de Cultura, e possuir “experiência profissional de, no mínimo, cinco anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão.”

Em seu currículo, a pastora enumerava uma série de atividades e títulos. Trabalhou como diretora de agência de turismo e viagens, é presidente vitalícia da Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios, foi fundadora e presidente da Comunidade Internacional Brasil & Israel, empresária de Dedé Santana, Mara Maravilha e outros artistas, e presidente da International Christian Embassy Jerusalem no Estado de Minas Gerais.

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