Ministro do STJ diz que Queiroz teria trabalhado ''arduamente para ocultar provas''

Félix Fisher fala em suspeita em relação à esposa do ex-assessor parlamentar, Márcia Aguiar, ao determinar a prisão em regime fechado dos dois

Sarah Teófilo
Renato Souza
postado em 14/08/2020 16:52 / atualizado em 14/08/2020 17:44
Fabrício Queiroz ao ser preso, em 18 de junho -  (crédito: Nelson Almeida/AFP)
Fabrício Queiroz ao ser preso, em 18 de junho - (crédito: Nelson Almeida/AFP)

Ao decidir pela prisão em regime fechado do policial militar aposentado Fabrício Queiroz e sua esposa, Márcia Aguiar,o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Félix Fischer afirmou que os dois, antes mesmo da decretação da prisão preventiva, “supostamente já articulavam e trabalhavam arduamente, em todas as frente, para impedir a produção de provas e/ou realizar a adulteração/destruição destas”.

“São inúmeros os trechos que, em tese, identificam uma verdadeira organização, com divisão de tarefas e até mesmo certa estrutura hierárquica (os pacientes obedeciam a diretrizes de pessoa indigitada de “Anjo”, um “superior hierárquico”)”, escreveu o ministro. Anjo seria o apelido do advogado Frederick Wassef, segundo investigadores. Queiroz, ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em um imóvel de Wassef em Atibaia (SP). Wassef, por sua vez, era advogado de Flávio e do presidente Jair Bolsonaro, deixando o posto após o escândalo da prisão de Queiroz.

Trecho da decisão que determinou que Fabrício Queiroz voltasse ao regime fechado
Trecho da decisão que determinou que Fabrício Queiroz voltasse ao regime fechado (foto: Reprodução)

Na última quinta-feira (14/8), Fischer revogou a liminar concedida pelo presidente do STJ, João Otávio Noronha, e determinou que Queiroz e Márcia Oliveira voltem para a cadeia. O ex-assessor de Flávio foi preso no dia 18 de junho, mas Márcia ficou foragida até a defesa conseguir a prisão domiciliar. No dia 9 de julho, o ministro Noronha decidiu pela prisão domiciliar dele e de Márcia.

Queiroz foi preso no âmbito das investigações das 'rachadinhas', esquema de desvio de salários na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) na época em que era assessor de Flávio, também investigado.

O ministro cita decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), que pontuou que Queiroz não compareceu a diversos depoimentos marcados e remarcados no fim de 2018, alegando necessidade de fazer uma cirurgia em São Paulo, e após recebeu alta do hospital não foi mais encontrado. Também foi citado o fato de a defesa ter informado como endereço ao Ministério Público, em julho do ano passado, um hotel de São Paulo que, segundo a gerência, Queiroz não e hospedou.

Fisher ressalta, ainda, trechos que afirmam que parte da rotina de ocultação de paradeiros de Queiroz “envolvia restrições em sua movimentação e em suas comunicações” e que ele e Márcia, ao chegarem no imóvel de Wassef em Atibaia, desligavam os seus celulares.”Há diversos relatos sobre adulteração de folhas de ponto de servidores que estariam em atuação irregular na ALERJ. As manobras acima transcritas, para impedir a própria localização/rastreamento pela polícia, salta aos olhos”, afirmou.

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