Um dia depois de desautorizar publicamente o Ministério da Economia, o presidente Jair Bolsonaro fez elogios ao chefe da pasta, Paulo Guedes, e à equipe econômica nesta quarta-feira (16/9) pelas medidas adotadas no enfrentamento à pandemia da covid-19.
Durante a posse do general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, Bolsonaro agradeceu a Guedes pelas estratégias do Ministério da Economia que contribuíram com a preservação dos empregos no Brasil.
"Quero cumprimentar a equipe econômica desse ministro, Paulo Guedes, que tomou uma série de medidas para conter o desemprego no Brasil. Parabéns, Paulo Guedes, parabéns à nossa equipe de ministros", declarou Bolsonaro.
Renda Brasil
O afago do presidente veio na sequência de um forte atrito com o ministério da Economia, com ameaça de demitir integrantes da equipe de Paulo Guedes. Na terça-feira (15/9), Bolsonaro ameaçou dar "cartão vermelho" em reação à ideia sugerida por secretários de Guedes de se cortar benefícios repassados aos brasileiros mais pobres como forma de viabilizar a criação do novo programa de transferência de renda.
Em vídeo publicado nas suas redes sociais, o presidente disse ser contra o congelamento de aposentadorias e pensões como alternativa para abrir espaço no Orçamento ao Renda Brasil.
O plano veio à tona por meio do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, em entrevista ao Portal G1 no último fim de semana. Bolsonaro não foi avisado anteriormente sobre essa sugestão e tomou conhecimento da proposta por intermédio da imprensa.
Irritado, o chefe do Executivo refutou essa ideia e deu um recado direto a Waldery: “Quem porventura vier a propor para mim uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa”.
Bolsonaro reiterou que o governo “jamais tiraria dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos”, e ainda disparou: “Até 2022 no meu governo, está proibido falar em Renda Brasil, vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”.
Não é a primeira vez que o presidente criticou publicamente a equipe econômica por conta da elaboração do Renda Brasil, programa social que o governo pensa em implementar para substituir o Bolsa Família. No fim do mês passado, Bolsonaro já havia ficado irritado com as discussões sobre a criação do Renda Brasil devido à informação de que Paulo Guedes e seus subordinados pensaram em propor o fim do abono salarial e do seguro-defeso. Naquela ocasião, o chefe do Executivo também soube das medidas em estudo por meio de jornais.
Teto de gastos
O clima do presidente com Guedes e a sua equipe não é bom desde meados de agosto. Tudo começou quando o chefe da Economia reclamou de outros ministros do governo que estariam tentando convencer Bolsonaro a furar o teto de gastos para investir em mais obras públicas.
O teto de gastos foi estabelecido em 2016 e tem validade de 20 anos. A medida limita o aumento dos gastos federais ao Orçamento do ano anterior corrigido pela inflação.
Guedes ainda revelou uma "debandada" dentro do ministério, explicando que alguns dos nomes da pasta estavam insatisfeitos com a pouca atenção dada por Bolsonaro à agenda de reformas estruturantes e à carteira de privatizações.
O desabafo de Guedes levou Bolsonaro a pedir uma reunião com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O chefe do Planalto assegurou que o governo não pensa em desrespeitar o teto de gastos.
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