Eleições

Bolsonaro a apoiadores: "caprichem" na escolha de prefeitos

Para presidente, eleitor deve buscar candidaturas de "gente que tenha Deus no coração". E, ao defender a cloroquina contra a covid-19, critica prefeituras e governos que adotaram o lock down

Ingrid Soares
postado em 01/10/2020 13:35
Bolsonaro aproveitou a inauguração para passar, aos apoiadores, perfil do candidato que quer ver eleito:
Bolsonaro aproveitou a inauguração para passar, aos apoiadores, perfil do candidato que quer ver eleito: "gente que tenha Deus no coração" -

Durante discurso na cerimônia de inauguração da primeira fase da segunda etapa do sistema adutor do Pajeú, em São José do Egito (PE), o presidente Jair Bolsonaro pediu aos apoiadores, nesta quinta-feira (01), que "caprichem" na escolha para prefeitos e vereadores nas próximas eleições municipais, em novembro. Para ele, a população deve eleger um candidato "patriota" e que "tenha Deus no coração".

"Vamos caprichar para escolher prefeito e vereador. Vamos escolher gente que tenha Deus no coração, que tenha na alma um patriotismo e queira de verdade o bem do próximo. Deus, pátria e família", enumerou.

Em clima de campanha, Bolsonaro insinuou que o candidato ideal deve professar suas convicções pessoais. E voltou a fazer defesa do uso da cloroquina como tratamento contra a covid-19 – cuja eficácia carece de comprovação científica. Conforme disse, a medicação é a solução para a doença causada pelo novo coronavírus. E aproveitou para criticar prefeitos e governadores pelas medidas de restrição e isolamento na pandemia.

"O nosso governo tudo fará para todos, aqui no Brasil. Mas, em especial, não esqueceremos, como não esquecemos os mais humildes. Alguns políticos fecharam tudo durante a pandemia. Eu sempre falei não tem que fechar nada, não tem que prender ninguém em casa. Temos que zelar pelos mais idosos, aqueles que estão mais passíveis de adquirir o vírus e ter um problema mais grave. Fora isso, tínhamos que trabalhar. E mais ainda: Deus foi tão abençoado que nos deu até a hidroxicloroquina para quem se acometer da doença. E quem não acreditou, engula agora. Eu não sou médico, mas sou ousado como um cabra da peste nordestino. Nós temos que buscar uma solução para os nossos problemas e ela apareceu", apontou.

Clima de campanha

Como se estivesse já disputando a reeleição, Bolsonaro iniciou o discurso no palanque montado para a cerimônia de ianuguração com um grito ("Ihuuu!") e se disse satisfeito em estar na região e próximo à população. "Não existe satisfação maior para um político do que estar no meio do povo. Alguns dizem que me arrisco. Eu confesso: viver sem vocês é morrer. Vamos estar juntos do começo ao fim", garantiu.

Bolsonaro prestou homenagem a José Dantas, ex-pracinha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) – que, durante a II Guerra Mundial, lutou nos campos de batalha da Itália –, presente à cerimônia. E disse que não abrirá mão da liberdade e da democracia.

"O Brasil tem heróis e não existe herói maior do que aquele que nos deu o bem mais importante que a comida e a água, que nos deu a liberdade. Queria uma salva de palmas para "seu" José Dantas, um herói da Segunda Guerra Mundial. Um homem que, juntamente com a Força (Expedicionária) Brasileira arriscou sua vida. Muitos ficaram pelo caminho, mas nos deram esse bem maior que é a nossa liberdade. E nós, eu como chefe da Presidência da República, como chefe supremo da República, nunca abrirei mão que o povo tenha liberdade e que tenha democracia", disse.

O presidente continuou afagando eleitores e fez referência ao trecho do Sistema Adutor do Pajeú, que abastecerá quase 100 mil habitantes com água vinda do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

"Para quem dizia que eu ia fazer o contrário, estão decepcionados. Eu só vivo ao lado desse povo. Sem esse povo, nós aqui, políticos, não somos ninguém. E estamos em um momento especial. Mais ao Sul do país, não temos esse problema. Mas, ao Norte, ao Nordeste, temos a questão da água. Isso é vital para nós. A gente vê no semblante do nordestino: quando chega água, parece que ele ganhou na mega-sena. E é verdade, ganhou sim", comparou.

Bolsonaro também acenou a políticos da região e distribuiu elogios. "Ninguém faz nada sozinho. Estou tendo o prazer de estar acompanhado de algumas autoridades. Vou falar das mais importantes, que são as locais. Grande abraço ao senador Fernando Bezerra (MDB-PE), um homem incansável na luta por meios para que o ministério do (Rogério) Marinho (Desenvolvimento Regional) possa trabalhar e produzir aquilo que vocês necessitam, em especial, nesta data, a água", salientou. E prosseguiu ns menções aos políticos que faziam parte da comitiva:

"Prezado deputado federal André Ferreira (PSC-PE), conheço muito seu irmão, um grande parlamentar. Você, eu conheci depois, mas é da mesma família, da mesma raça; parabéns e obrigado por você existir. Prezado Fernando Coelho Filho (DEM-PE): família tradicional, muito obrigado por nos acompanhar e por colaborar nesse projeto ao nosso lado. Prezado Pastor Eurico (Patriota-PE), velho colega meu de Parlamento brasileiro: nós sabemos que acima de nós está Deus. Sem Deus não somos ninguém, com Deus ultrapassaremos o além", complementou.

Bolsonaro emendou que sempre é bem recebido no Brasil, por onde tem viajado. "Não se tem palavras para expressar o que a gente sente, desde a chegada em um ponto qualquer do Brasil, como foi aqui do aeroporto até esse local. Esse calor desse povo maravilhoso", destacou.

Namorada pernambucana

Casado com a primeira-dama, Michelle, o presidente relembrou da juventude e contou aos presentes na cerimônia ter namorado uma pernambucana, nos anos de 1970. "Dizer a todos vocês da satisfação e da alegria de sentir esse calor todo especial do povo nordestino. Isso não tem preço. Quero confessar que, nos idos de 1970, eu namorei uma menina de Machados, Pernambuco. Quase que eu amarrei meu bode no sertão de Pernambuco. Estava parado em Olinda. Frequentava as praias de Olinda e de Recife", contou, aos risos.

 

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