GUERRA DA VACINA

Bolsonaro parabeniza OMS por não recomendar vacina obrigatória: "deve estar me ouvindo"

Presidente aproveitou para alfinetar indiretamente seu desafeto político, o governador de São Paulo, João Doria, chamando-o de "nanico projeto de ditador"

Ingrid Soares
postado em 22/10/2020 12:12 / atualizado em 22/10/2020 12:12
 (crédito: Marcos Corrêa/PR)
(crédito: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro parabenizou, na manhã desta quinta-feira (22/10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) por não recomendar vacinação obrigatória contra a covid-19. Segundo o chefe do Executivo, a entidade deve estar ouvindo suas declarações sobre o assunto. A fala ocorreu na saída do Palácio da Alvorada a apoiadores.

"Ontem (quarta-feira), a OMS se manifestou contra a obrigatoriedade da vacina e diz que é contra medidas autoritárias. Então, quer dizer que a OMS se manifestou depois que eu já havia me manifestado. Dessa vez, acho que estão se informando corretamente, talvez me ouvindo até, então, temos certeza que não voltarão atrás nessa decisão".

Bolsonaro ainda alfinetou, indiretamente, seu desafeto político, o governador de São Paulo, João Doria, caracterizando-o como um "nanico projeto de ditador", que leva "pânico" e "terror" à população.

"Realmente, impor medidas autoritárias só para esses nanicos projetos de ditadores, como esse cara de SP. Então, eu não ouvi falar de nenhum chefe de Estado do mundo dizendo que iria impor a vacina quando tivesse. Isso é uma precipitação, é mais uma maneira de levar terror junto à população, até porque tomar uma vacina que não tem um certo tempo de comprovação científica fica muito difícil. Quando esse governador fala em vídeo que ele iria obrigar 40 milhões de paulistas a tomar a vacina, ele causou pânico nesse pessoal. É um direito de cada um tomar ou não".

O mandatário apontou ainda que é "uma irresponsabilidade do governador" porque não existe ainda uma vacina eficaz. Na quarta, Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello que havia anunciado a compra de 46 milhões de doses de imunizantes da chinesa Sinovac. Bolsonaro foi categórico em dizer que a imunização não será comprada e que “o povo não será cobaia de ninguém”.

Como justificativa, Bolsonaro apontou que antes de ser disponibilizada à população, a imunização deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele acrescentou que não justifica “um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem”.

Lado a lado

As duas vacinas, no entanto, estão no mesmo patamar de avanços nos estudos, caminhando para a conclusão da terceira fase de testagem. Assim como a candidata chinesa, a produção de Oxford não tem comprovações, até o momento, que certifiquem a eficácia e segurança. Enfatizando ainda mais esse argumento, na quarta foi divulgada uma morte por covid-19 envolvendo um voluntário da vacina britânica. Não foi divulgado se o candidato recebeu, de fato, o imunizante ou um efeito placebo, mas a intercorrência não paralisou as testagens.

Por fim, Bolsonaro acenou à organização: "Parabéns, OMS. Começaram a acertar. Estão começando agora a se informar melhor antes de emitir um juízo, uma sugestão ou uma medida aí que atinge a todos do mundo, tá ok?", completou, dando exemplo de que caso Doria fosse presidente, tornaria a vacina obrigatória à população.

Mais cedo, nas redes sociais, o presidente já havia postado sobre o assunto. Ele publicou uma entrevista que a vice-diretora da OMS, Mariângela Simão, concedeu à CNN Brasil

"A OMS defende que isso é para cada país decidir. Mas em uma situação que você está falando com adultos, que têm capacidade de discernimento para fazer escolhas informadas, não se recomenda medidas autoritárias. Até porque é difícil fiscalizar. Vai depender da situação interna de cada país, mas é de difícil implementação", concluiu.

 

 

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