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"Comandante tem que intervir", diz Mourão sobre briga entre ministros

Vice-presidente deu a entender que intervenção de Bolsonaro resolveu crise entre os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos; episódio aumenta desgaste dos militares no governo

Jorge Vasconcellos
postado em 26/10/2020 18:54 / atualizado em 26/10/2020 18:59
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O vice-presidente Hamilton Mourão sinalizou que o embate entre os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, foi resolvido com uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro. “Os ministros são o ‘Estado-Maior’ do presidente. Se está havendo alguma rusga entre membros do ‘Estado-Maior’, o comandante tem que intervir e dizer: gente, vamos baixar a bolinha aí, se acalmar e vamos respeitar-se”, disse Mourão nesta segunda-feira (26/10), ao chegar ao chegar ao Palácio do Planalto.

A crise entre os dois ministros veio a público na semana passada, depois que Salles se referiu ao general, no Twitter, como “Maria Fofoca”. No domingo, após Bolsonaro intervir sem tomar partido de nenhum dos lados, Salles pediu “desculpas pelo excesso”, enquanto Ramos disse que “uma boa conversa apazigua as diferenças”.

O vice Hamilton Mourão afirmou ainda que divergências são normais. Porém, cobrou que impasses desse tipo sejam tratados internamente, e não em público. “Quando for discutir determinados assuntos, tem que discutir intramuros, e não por fora”, afirmou Mourão. Na última sexta-feira (23), ele classificou a atitude de Salles, de chamar Ramos de “Maria Fofoca”, como “péssima”.

O motivo da briga entre os ministros foi uma nota publicada na imprensa dizendo que o titular do Meio Ambiente estava esticando a corda com os militares para testar sua blindagem junto a Bolsonaro. Para Salles, a informação partiu de Ramos, que estaria envolvido em uma suposta articulação para tirá-lo do governo.

Briga por espaço

Essa é a mais recente situação constrangedora enfrentada por um ministro militar de Bolsonaro. O pano de fundo é o esforço da chamada ala ideológica para recuperar espaços no governo. Na mesma semana da briga entre Salles e Ramos, o presidente desautorizou publicamente o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e vetou a compra da vacina chinesa CoronaVac, produzida para o combate ao novo coronavírus. Um dia antes, Pazuello havia anunciado a aquisição, pelo Ministério da Saúde, de 46 milhões de doses do imunizante. O veto presidencial agradou os bolsonaristas mais radicais, contrários a qualquer tipo de negócio com um país comunista.

Mesmo depois de Bolsonaro divulgar um vídeo ao lado do ministro para mostrar que estava tudo bem, o episódio ainda repercute muito mal entre os fardados. Além disso, reforça o entendimento da cúpula das Forças Armadas de que militares devem passar para a reserva antes de assumirem cargos no governo. Pazuello ainda é um general da ativa. Já o ministro Ramos passou para a reserva em julho.

As dúvidas quanto ao prestígio dos militares no governo aumentaram ainda mais com os rumores de que Bolsonaro não pretende ter Hamilton Mourão como vice na chapa presidencial de 2022. Em 2018, o general da reserva foi escolhido para entrar na campanha no fim do prazo de registro. Desde a posse do governo, o presidente já deu várias demonstrações de que não confia no vice.

Os nomes mais cotados para substituir Mourão são as ministras Damares Alves e Tereza Cristina (DEM), titulares, respectivamente, das pastas da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

 

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