LAVA-JATO

"Tive câncer no estômago", diz João Santana, marqueteiro de Dilma e Lula

Em entrevista ao programa Roda Viva, na noite desta segunda-feira (26/10), o publicitário disse que enfrentou uma grave doença após fazer a delação premiada na Lava-Jato e fez revelações sobre a relação com os petistas após a prisão

Correio Braziliense
postado em 26/10/2020 22:47 / atualizado em 26/10/2020 23:05
 (crédito: Reprodução/TV Cultura)
(crédito: Reprodução/TV Cultura)

Um dos alvos da Operação Lava-Jato em fevereiro de 2016 e solto seis meses depois após pagar fiança e fechar um acordo de colaboração premiada com a Justiça, o publicitário João Santana quebrou o silêncio na noite desta segunda-feira (26/10). Em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, o marqueteiro dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff fez revelações sobre a vida pessoal e relação com os políticos após a delação, afirmando que foi abandonado pelos petistas. "Nunca mais falei com eles."

Santana teve a delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal em 2017. O publicitário admitiu o uso de caixa dois e confirmou que Lula e Dilma tinham ciência de pagamentos oficiais e paralelos feitos como contraprestação aos serviços prestados em campanhas eleitorais. "O caixa dois não foi apenas uma 'unha encravada' no sistema político brasileiro. O caixa dois foi sempre a alma do sistema eleitoral brasileiro e era uma coisa geral. E poucos foram punidos", afirmou Santana, que usava tornozeleira eletrônica durante a entrevista.

"Fazer a delação foi a pior experiência da minha vida. É uma descida aos infernos. Você enfrenta conflitos éticos, afetivos, conflitos morais de toda natureza. Quando você confronta isso ao seu bem maior, que é a sua vida, você revê e isso fica pequeno", afirmou João Santana. "Por que eu vou ser solidário com quem não está sendo solidário comigo?", emendou.

Durante a entrevista, Santana também fez uma revelação. Disse que enfrentou um câncer no estômago logo após fazer a delação premiada e teve que passar por uma cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Vou fazer uma revisão amanhã (terça-feira)", disse Santana. “Essa queda da fama para a infâmia é um buraco tão profundo, nem sei se tem fundo. (...) Mas, por outro lado, é muito rico em descobertas e redescobertas."

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