O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu um requerimento, nesta quarta-feira (25/11), que pede "o imediato afastamento" do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Casa.
O documento contém a assinatura de três deputados: Perpétua Almeida (PCdoB-AC), presidente da Frente Parlamentar Mista de Fortalecimento da Cooperação entre os Países do Brics; Daniel Almeida (PCdoB-BA), presidente do Grupo Parlamentar de amizade Brasil/China; e Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China.
No requerimento, os congressistas solicitam que o plenário da Câmara delibere sobre a continuidade ou não da condução dos trabalhos de Eduardo à frente da Comissão de Relações Exteriores.
O pedido foi feito dias depois de que o filho do presidente Jair Bolsonaro publicou nas redes sociais — e apagou posteriormente — que o Brasil apoia a iniciativa lançada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, contra o avanço da China na tecnologia 5G.
Segundo Eduardo, o país é a favor de uma aliança global para um 5G seguro "sem espionagem da China". "O programa ao qual o Brasil aderiu pretende proteger seus participantes de invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas. Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China", escreveu o parlamentar.
Segundo os deputados que querem o afastamento de Eduardo da Comissão de Relações Exteriores, "as declarações são uma afronta às boas relações diplomáticas que construímos há mais de 45 anos e que beneficiam os dois países".
Os parlamentares também afirmam que "a atitude do deputado cria um constrangimento a todos nós, porque não tem correspondência com o pensamento da maioria dos membros desta Instituição e agride a soberania nacional brasileira, causando abalos nas relações diplomáticas entre a China e o Brasil".
"Proteger as boas relações diplomáticas entre Brasil e China, assim como as relações diplomáticas entre o Brasil e os demais países do mundo, é defender os interesses nacionais", opinaram os deputados.
"Uma nação como o Brasil não pode se relacionar na base da amizade e, muito menos, criar inimigos, porque temos os nossos interesses. É uma lição da diplomacia que todos nós, que defendemos o Brasil, precisamos aprender", completaram.
Apoio
O pleito pela destituição de Eduardo já encontra força entre outros parlamentares, como Tadeu Alencar (PSB-PE), um dos vice-líderes da oposição na Câmara. Para ele, Eduardo tem sido irresponsável e adotado uma “leviandade reiterada” contra a China, o que pode comprometer a diplomacia brasileira e o comércio externo do país.
“Essa agressão continuada à China, uma nação amiga e um dos nossos principais parceiros comerciais, depois de associá-la à disseminação criminosa do coronavírus, pode trazer enormes prejuízos ao Brasil. Isso não é direito de opinião, nem representa a opinião da Câmara dos Deputados, mas não havendo, como não houve em outros ataques desferidos pelo mesmo personagem, repúdio do governo Brasileiro a ataques tão graves e tão intencionalmente desferidos, sem dúvida expõe o país a, no mínimo, fraturas que têm poder de fogo de ameaçar os interesses comerciais e bilaterais entre os dois países”, alertou.
O deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR) também se disse a favor da destituição imediata de Eduardo da presidência da comissão. "O deputado Eduardo Bolsonaro vive cometendo desatinos e envergonhando o parlamento perante parceiros históricos do Brasil, como a China. Não tem cabimento uma postura desse tipo vinda de um parlamentar que se diz presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara", opinou.
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