Sucessão na Câmara

Lira volta a alfinetar Maia nas redes sociais: "Presidente só coordena"

Deputado alagoano também acusa presidente da Câmara de se posicionar contra o recesso parlamentar para ter tempo de "articular um processo pessoal de sucessão"

Jorge Vasconcellos
postado em 21/12/2020 16:25 / atualizado em 21/12/2020 16:26

Candidato do presidente Jair Bolsonaro à eleição para a presidência da Câmara, marcada para fevereiro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) partiu para a ofensiva, nas redes sociais, contra o atual ocupante do cargo, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entre várias alfinetadas, Lira diz que "na nova Câmara" que ele pretende comandar "não é o presidente quem dita" a pauta de votações, "ele só coordena". Além disso, o deputado alagoano acusa Maia de se posicionar contra o recesso parlamentar para ter tempo de "articular um processo pessoal de sucessão".

Líder do Centrão, bloco parlamentar que apoia o governo, Lira subiu o tom depois que Maia anunciou, na sexta-feira (18/12), a formação de uma frente ampla, com a participação de partidos de esquerda e de centro, para lançar um candidato à presidência da Câmara que tenha um perfil independente em relação ao Palácio do Planalto. Ao todo, o grupo soma 281 deputados (54,7% do total de 513), do PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede.

Ao mesmo tempo em que Bolsonaro intensifica a oferta de cargos e de emendas para conseguir o apoio de deputados à candidatura de Lira, o líder do Centrão critica a atuação de Maia na presidência da Câmara, considerada por ele como centralizadora.

"A nova Câmara é aquela que não barra nem libera as chamadas iniciativas radicais. A nova Câmara é aquela que põe todos os assuntos na mesa, que dialoga e chega no entendimento. Com o plenário sempre soberano", tuitou Lira, nesta segunda-feira (21/12). "Não é o presidente quem dita o que é discutido. Ele só coordena. Esse é meu pensamento: dar voz a todos", acrescentou.

Ao citar "iniciativas radicais", o deputado se refere a pautas defendidas pelo presidente Bolsonaro e que enfrentam resistência de Maia. A flexibilização do Estatuto do Desarmamento, a PEC do voto impresso e a regulamentação das atividades de mineração em terras indígenas estão entre elas.

Recesso parlamentar

Lira também tem criticado o posicionamento contrário de Maia ao recesso parlamentar. O presidente da Câmara defende que o Congresso trabalhe em janeiro para organizar uma pauta de enfrentamento da crise econômica e da pandemia de covid-19. O deputado alagoano acusou Maia de querer impor sua vontade.

"Nos últimos anos, a pauta foi de @RodrigoMaia e não da Câmara. E agora, no apagar das luzes, e para dar tempo para articular um projeto pessoal de sucessão, ele volta a querer impor sua vontade", tuitou Lira, no domingo (20).

"Centenas de deputados têm compromisso em suas bases e já fizeram suas agendas — percorrendo os municípios e já iniciando o diálogo com os novos prefeitos eleitos. Boa parte do que está parado poderia ter sido votada, por entendimento do colégio de líderes. Coisa que não aconteceu", prosseguiu o parlamentar, omitindo, no entanto, que foi o próprio Centrão que obstruiu várias votações no Plenário da Câmara, em meio ao impasse sobre a presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Arthur Lira também usou as redes sociais para mostrar que receber o apoio do presidente da República não significa ser dependente do governo. Ele lembrou que o ex-presidente Michel Temer (MDB) apoio Maia para a presidência da Câmara.

"O presidente @MichelTemer é um democrata. E como é da política, atuou legitimamente em nome de @RodrigoMaia dentro do Congresso. Por que o que vale para uns não vale para os outros? Será que por esse apoio, Maia deixou de ser independente?", alfinetou.

A ofensiva de Lira, no entanto, parece não estar surtindo efeito. A frente ampla formada por Maia deve receber ainda mais adesões. A vice-líder do Psol na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), propôs que o partido passe a integrar o grupo.

"A estratégia da esquerda da eleição da Câmara tem que ser derrotar o candidato de Bolsonaro. Todas táticas são válidas, como lançar candidato para demarcar programa. Mas forças ocultas querem igualar o candidato de Bozo [Bolsonaro] ao campo de Maia para ajudar o Lira. O PSol não cai nessa", tuitou a parlamentar, no sábado (19).

 

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