CORONAVÍRUS

Bolsonaro diz que compra de seringas está suspensa até que preços voltem ao normal

Presidente disse que "estados e municípios têm estoques de seringas para o início das vacinações". Pregão aberto pelo governo no fim do ano passado para aquisição de unidades fracassou, com oferta que garantia menos de 3% do que precisava

Sarah Teófilo
postado em 06/01/2021 09:50 / atualizado em 06/01/2021 09:59

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (6/1) que o Ministério da Saúde suspendeu a compra de seringas a serem utilizadas na vacinação contra a covid-19 "até que os preços voltem à normalidade". De acordo com o mandatário, como houve interesse da pasta "em adquirir seringas para seu estoque regulador, os preços dispararam".

"Estados e municípios têm estoques de seringas para o início das vacinações, já que a quantidade de vacinas num primeiro momento não é grande", escreveu em suas redes sociais. Na verdade, no fim do ano, o pregão aberto pelo Ministério da Saúde para compra de seringas e agulhas foi um grande fracasso, pois precisava de 331 milhões de unidades, mas teve oferta para apenas 7,9 milhões. Os fabricantes informaram que não houve interessados porque o preço pago pelo governo está muito abaixo do mercado.

Desde o início do segundo semestre, fabricantes alertam que o governo precisaria acelerar as negociações para aquisição de seringas e agulhas, sob o risco de o país não conseguir os produtos. Agora, o Ministério da Saúde resolveu fazer uma requisição administrativa de estoques excedentes de agulhas e seringas de fabricantes brasileiros para serem usadas na vacinação contra o novo coronavírus no país. 

A ação envolve os fabricantes representados pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo). Segundo a pasta, isso ocorre “enquanto não se conclui o processo licitatório normal, que será realizado o mais breve possível”.

Além disso, o governo federal restringiu a exportação de seringas e agulhas, conforme portaria publicada no dia 31 de dezembro de 2020 pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério da Economia. Agora, a exportação de unidades exige uma “licença especial de exportação de produtos para o combate à covid-19”.

O governo também tem a intenção de zerar o imposto sobre importação de agulhas e seringas, após pedido da pasta da Saúde. Decisão cabe ao Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que se reuniu nessa terça-feira (5) e definirá a questão até as 13h desta quarta-feira.

Em transmissão ao vivo, no último dia do ano passado, o presidente também havia culpado o preço dos produtos pelo fracasso na aquisição. "Vocês sabem para quanto foi o preço da seringa? Aqui é Brasil. Sabem como está a produção disso? Como o mercado reagiu quando souberam que vão comprar 100 milhões ou mais de seringas?", questionou.

Atraso

O Brasil está atrasado quando se fala no início da vacinação contra a covid-19. Pelo menos 44 países já começaram a vacinar, sendo que na América do Sul, dois países já iniciaram processo: Argentina e Chile. Até hoje, apesar de um plano de imunização, apresentado em dezembro do ano passado, não há data para começar a vacinar a população. Também não existe, até o momento, pedido de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Pelas redes sociais, nesta quarta-feira, o presidente tenta minimizar questão, alegando que a cobertura vacinal ainda é pequena nos outros países — o que é normal, visto que o processo está no início. "Daí a falácia da mídia, como se estivessem vacinando toda a população", escreveu.

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