CB.Poder

"É preciso integrar conhecimento para a defesa da Amazônia"

Diretor-geral do Censipam explica a importância de coordenar e integrar os órgãos que atuam na floresta para conseguir combater o desmatamento ilegal e as queimadas

Edis Henrique Peres*
postado em 20/01/2021 17:29 / atualizado em 20/01/2021 17:33
 (crédito: Correio Braziliense)
(crédito: Correio Braziliense)

“O que precisamos é integrar sistemas, informações, conhecimento e pessoas”, diz Rafael Costa, diretor-geral do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). Na opinião de Rafael, o Estado brasileiro tem ferramentas suficientes para combater os crimes ambientais, mas há falta de comunicação entre os órgãos do governo.

Em entrevista ao CB.Poder, nesta quarta-feira (20/1) — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília —, ele explica que o Censipam nasceu para coordenar e integrar as ações do governo na Amazônia. “O nosso país tem a maior floresta tropical do mundo. Cuidamos e zelamos dela há muitos anos e nosso trabalho tem mostrado resultados positivos”, pontua. Costa frisa que o Censipam nasceu do sistema de vigilância da Amazônia, com radares meteorológicos, estações de níveis e quantidade de água nos rios, radares de vigilância aérea e estações meteorológicas de superfície.

“O Censipam nasceu para aplicar esse projeto na região da Amazônia, que ocupa cerca de 58% do nosso território, e temos a função de coordenar, integrar e utilizar esses recursos para proteger a floresta”, diz.

Rafael afirma que o resultado de controle de desmatamento e queimadas na região tem sido positivo. Contudo, questionado sobre os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontam para um crescimento da degradação da região, Costa defendeu que se tratam de dados brutos.

“Nós utilizamos os dados oficiais, temos uma parceria de longa data com o Inpe. Mas é preciso entender que é necessário realizar uma série de recortes para uma análise adequada desses dados. Se pegarmos a curva de evolução histórica do desmatamento anual do nosso país, veremos que se compararmos 2012 com 2016, teremos um aumento de 72% de desmatamento. Essa tendência veio ao longo dos anos e, agora, trabalhamos para revertê-la”, reitera.

Monitoramento e denúncias

O diretor-geral explica que o Censipam realiza um trabalho conjunto com a Polícia Federal. “Nos consolidamos como produtores de insumos, como geradores de conhecimento e análise especializada. A partir das análises que fazemos, encaminhamos relatórios com essas informações para a Polícia Federal e órgãos competentes. Em 2020, por exemplo, a PF bateu o recorde de apreensão de madeira ilegal”.

O especialista aponta que a metodologia usada é a de desmontar a cadeia de escoamento da extração da madeira. “Buscamos identificar a origem da madeira e interceptar quando ela está sendo embarcada nos portos. Esse conhecimento já existia do combate ao crime organizado e, agora, está sendo aplicado no combate aos crimes ambientais e dando resultados significativos”, afirma.

Relações internacionais

Além disso, o diretor-geral do Censipam também comentou sobre as críticas recebidas pelo agora eleito presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ainda durante o período de campanha. No entanto, Costa defende que Brasil e EUA terão um bom relacionamento quando Biden conhecer o trabalho realizado na Amazônia.

Sobre o comentário do presidente Jair Bolsonaro, que no ano passado atacou as ONGs da região, Costa disse que é possível ter um bom diálogo com as organizações. “Primeiro, era importante ter uma guinada do próprio governo para se organizar, mostrarmos o que podemos fazer, e foi isso que realizamos com o Conselho Nacional da Amazônia Legal. Mas as ONGs possuem seu papel e, se bem empregadas, podem trazer bons resultados”, finalizou.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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