A poucos dias da eleição para a presidência do Senado, marcada para 1º de fevereiro, a bancada do MDB passou a cogitar a possibilidade de desistir da candidatura própria, representada por Simone Tebet (MS), em favor de um acordo com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), principal fiador do candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A informação foi passada a jornalistas, nesta quarta-feira (27/01), pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), logo após uma reunião da bancada.
Segundo o parlamentar, a discussão foi motivada pela não confirmação de apoios que haviam sido prometidos por alguns partidos para a campanha do MDB. Apesar do risco de divisão, Tebet afirmou que seguirá na disputa, independente do posicionamento do partido.
Eduardo Braga terá um novo encontro com Alcolumbre nesta quinta-feira (28/01) para avançar na discussão de um acordo. Uma das opções discutidas durante a reunião da bancada, segundo Braga, é o partido liberar a bancada na votação em plenário. Assim, Tebet poderia prosseguir com uma candidatura "avulsa".
"Nós não discutimos a desistência [de Tebet], e sim o cenário, porque a candidatura da Simone foi construída por aclamação. Quando fizemos isso estávamos diante de algumas expectativas de apoio de alguns partidos, que, em parte, não se confirmaram", afirmou o líder do MDB.
"A senadora reafirmou que é candidata e que compreende a decisão do partido, mas que manterá a sua candidatura. Ela poderá levar a sua candidatura ao plenário, essa é uma questão que o MDB está discutindo", acrescentou Eduardo Braga.
Por trás da decisão do partido, há uma certa frustração com as alianças conquistadas por Tebet ao longo da campanha. Ela recebeu apoios do Cidadania, do Podemos e do PSB, mas não conseguiu a adesão de legendas que se apresentavam como aliadas, como a Rede e o PSDB. Do lado adversário, a campanha de Pacheco, que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é sustentada por nove siglas, e o parlamentar tem sido apontado como favorito na disputa.
Após a reunião da bancada, Simone Tebet disse à imprensa que manterá a candidatura "até o fim". Ao ser perguntada se a bancada estava unida, ela afirmou que não sabe e pediu que a pergunta fosse feita a Eduardo Braga.
Em seguida, o líder do MDB, questionado sobre a fala da colega, declarou que "não poderia mentir" ao dizer que há união na bancada porque, nesta quarta-feira, vários senadores do partido se manifestaram contra a candidatura de Tebet.
Na noite de terça-feira, Davi Alcolumbre procurou Braga e também Fernando Bezerra Coelho (PE), líder do governo no Senado. A conversa incluiu a negociação de espaços para o MDB ocupar com uma eventual vitória de Pacheco, incluindo a vice-presidência do Senado, a segunda-secretaria e presidência de comissões importantes, como a de Constituição e Justiça (CCJ), hoje comandada por Tebet.
Segundo afirmou Eduardo Braga, o presidente do Senado disse que pretendia demonstrar "o seu interesse de buscar um consenso, um entendimento". Braga afirmou também que o partido quer "construir pontes" com Alcolumbre e seu grupo político. Ao negar que esteja de olho em cargos, o senador disse que o ideal é que as negociações sejam feitas com base na proporcionalidade. Maior bancada do Senado, o MDB conta com 15 representantes.
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