COVID-19

'Se o presidente parar de falar mal da China, já ajuda bastante', diz Doria

Brasil depende da China para importar insumos necessários para produção da CoronaVac e da vacina de Oxford/AstraZeneca. Governador de SP aproveitou para alfinetar Bolsonaro

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aproveitou a entrevista coletiva desta segunda-feira (18/1) para alfinetar o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, em relação a declarações feitas contra a China. O Brasil precisa de matéria-prima vinda da China para produzir tanto as vacinas CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac feita no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, quanto para a vacina de Oxford/Astrazeneca, a ser produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Se o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos pararem de falar mal da China, isso já ajuda bastante, pois os insumos da vacina do Butantan e da AstraZeneca são produzidos na China, e são as duas únicas vacinas aprovadas pela Anvisa. Pelo menos se não atrapalhar já é uma ajuda”, disse Doria.

A fala se deu em resposta a um questionamento sobre se declarações do presidente e de seus filhos, que já criticaram o gigante asiático em algumas oportunidades, poderia atrapalhar a importação de insumos da China. Ao longo da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro criticou a CoronaVac, a qual ele chamou de “vacina chinesa de João Doria”, e chegou a afirmar categoricamente que não iria adquiri-la no Brasil.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, lembrou que as duas vacinas terão o suporte Programa Nacional de Imunização (PNI), e por isso, o governo deve se atentar à relação diplomática com a China. “O governo sem dúvida nenhuma tem que se preocupar com essa relação com a China para avalizar a chegada dessa matéria prima”, declarou.

Enquanto a Fiocruz ainda não iniciou o processo de produção das doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, pois aguarda a matéria-prima vinda da China, o Butantan espera uma autorização do governo chinês para a importação da matéria prima da CoronaVac para continuar a produção já iniciada no instituto.

Conflitos

Além das afirmações do presidente Jair Bolsonaro de que não iria comprar a CoronaVac, a diplomacia já enfrentou dificuldades com declarações vindas de integrantes do governo e da sua família, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em março do ano passado, ele culpou a China pela pandemia da covid-19 em declarações feitas no Twitter. A Embaixada da China rebateu o deputado e afirmou que Eduardo proferiu palavras “extremamente irresponsáveis”.

“As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando as amizades entre os nossos povos”, disse a embaixada chinesa.

Em abril, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou um texto nas redes sociais insinuando que a China poderia se beneficiar com a crise mundial gerada pelo novo coronavírus.

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