AMAZÔNIA

Bolsonaro: "Não tem porque Brasil e França se distanciarem"

O mandatário ainda comparou as queimadas ocorridas na Califórnia com as do Brasil e disse que não sofrem tanta repercussão quanto aqui. Ele também voltou a falar em boi-bombeiro para combater o problema

Ingrid Soares
postado em 09/02/2021 20:16 / atualizado em 09/02/2021 20:16
 (crédito: AFP / EVARISTO SA)
(crédito: AFP / EVARISTO SA)

Após atritos com o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não há razões para que Brasil e França se distanciem. A declaração ocorreu nesta terça-feira (09/02), durante o lançamento do programa Adote um Parque, na qual a primeira iniciativa foi do Grupo Carrefour. 

"Não tem porque Brasil e França se distanciarem. Afinal de contas somos vizinhos. A maior fronteira da França é o Brasil, 730 km da fronteira. Temos que ser amigos. E essa vinda do Carrefour na frente como a primeira empresa a assinar, a ter esse compromisso conosco é gratificante para nós", continuou.

O mandatário voltou a dizer que a Amazônia não pega fogo, que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente no mundo e que a grande repercussão a respeito das queimadas ocorre por 'interesses de estados'. "O Brasil é o país que mais preserva seu meio ambiente. Em muitos países não se fala em mata ciliar, reserva legal. Nós temos tudo isso. A nossa bacia amazônica não pega fogo. No passado, ela foi muito ampliada, a região amazônica, por questões de interesse de estados, de regiões para conseguir benefícios, mas é igual aquela aquela família grande, né. É bacana quando todo mundo torce para o mesmo time", completou.

Bolsonaro reclamou de críticas sofridas a respeito da política ambiental do governo e alegou que uma minoria de países utiliza politicamente as dificuldades do Brasil para se beneficiar. 

"Temos aqui franceses, croatas, russos, alemães, temos tudo aqui dentro. Então qualquer país do mundo se sente um pouquinho dentro do Brasil. Mas quando acontece algum problema conosco, a grande maioria dos países entende isso, mas uma minoria usa politicamente. A gente sente", observou.

O chefe do Executivo repetiu que a extensão da Amazônia é outro fator que dificulta a preservação do local e que é 'difícil tomar conta de tudo isso'. Ele exemplificou que com as críticas, é como se estivesse na mira de uma arma de calibre .50.

"A nossa região amazônica é maior que a Europa ocidental, cabe dentro dela mais de uma dezena de países da Europa. Como é difícil tomar conta disso tudo. E vem aquela bronca, né. Aquela .50 em cima do meu peito, em especial".

Califórnia

Bolsonaro comparou também as queimadas ocorridas na Califórnia com as do Brasil e disse que não sofrem tanta repercussão quanto aqui. "Nós queremos colaborar, não temos como deter desastres como de vez em quando a Califórnia toda pega fogo. Não é isso mesmo? É lógico uma repercussão, mas não tanto quando acontece algo dezenas de vezes menor no Brasil e nós somos humildes. Quando existem esses problemas, a nossa Marinha, Exército, Aeronáutica por intermédio do ministro Fernando Azevedo da Defesa faz o possível e o impossível. Mas é um país, é uma área enorme", justificou.

Boi-bombeiro 

O mandatário voltou a defender o boi-bombeiro como auxiliar para combater o problema e criticou a legislação ambiental vigente. "Quando se fala apenas da região amazônica, se nós descermos um pouco mais aqui na região ao sul para o Pantanal o problema também existe. Tenho conversado com a Teresa [ministra da Agricultura] por quê os incêndios são maiores quando acontecem. É aquela história do boi bombeiro, que às vezes alguns levam para a chacota, mas é uma realidade. Por vezes a legislação atrapalha a gente a preservar aquela área".

Por fim, Bolsonaro comentou sobre a produção de alimentos brasileiros exportados para o mundo e repetiu reclamações sobre a política de lockdown. Segundo ele, 'pior que uma pequena inflação seria o desabastecimento'.

"O nosso agronegócio em grande parte está feliz, o mundo também está feliz. Nós alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. O homem do campo não ficou em casa se tivesse ficado... pior que uma pequena inflação que tivemos agora teria o desabastecimento. Então meus cumprimentos aos homens do campo e aos caminhoneiros que transportam esses produtos", concluiu.

Adote um Parque

No mesmo evento, o presidente pediu a empresas privadas que ajudem na manutenção de parques na Amazônia. O programa Adote um Parque permite que pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, possam doar bens e serviços para contribuir com a proteção ambiental em parques nacionais na Amazônia. São esperadas propostas de investimento que totalizam um potencial de R$ 3,2 bilhões anualmente.

Segundo o governo, na primeira fase do programa, o foco estará nas 132 unidades de conservação federais na Amazônia. Os parques ocupam 15% do bioma, totalizando 63,6 milhões de hectares. Os recursos serão aplicados diretamente pelos parceiros nas unidades adotadas. As pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras que adotarem os parques, serão reconhecidos como “Parceiros do Meio Ambiente” e poderão divulgar essa parceria. A adoção será de um ano, podendo ser renovada após o fim do prazo.

'Nem se pegar fósforo e álcool'

Ontem, se referindo à umidade da Amazônia, o mandatário disparou que 'nem se pegar fósforo e álcool' o local pega fogo: "A Amazônia, a bacia amazônica pega fogo? Não pega fogo. Nem se você pegar o fósforo, o álcool, é difícil pegar fogo. É úmida, não pega fogo", apontou.

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