COVID-19

Bolsonaro: "Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?"

Mandatário reclamou do lockdown e cobrou que a população retorne ao trabalho. Declaração ocorreu durante inauguração de trecho da Ferrovia Norte-Sul em São Simão (GO)

Ingrid Soares
postado em 04/03/2021 14:25 / atualizado em 04/03/2021 14:39
 (crédito: EVARISTO SA / AFP)
(crédito: EVARISTO SA / AFP)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar do lockdown adotado por governadores e prefeitos em meio ao aumento de casos de covid-19 no país. O mandatário ainda cobrou que a população retorne ao trabalho. Ele disse ainda que a população deve enfrentar os problemas: “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, indagou. A declaração ocorreu durante inauguração de trecho da Ferrovia Norte-Sul em São Simão (GO).

“Aqui tem muita gente que produz. Ontem (quarta-feira) almocei com seis embaixadores e o do Kuwait me disse uma coisa que eu não sabia. Que 80% do que eles importam de produtos do campo vêm do Brasil. Vocês (produtores, agricultores) não ficaram em casa, não se acovardaram. Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas. Obviamente, respeitar os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”

O chefe do Executivo caracterizou o isolamento e o fechamento de comércios como "tratamento errado”. "A própria Bíblia diz 'Não temas'. Eu sou católico, acredito em Deus, respeitamos as religiões, mas se ficarmos em casa o tempo todo e eu disser que a economia a gente vai ver depois, uma parte já estamos vendo agora o que foi essa política. Qual o futuro do Brasil? O efeito colateral do tratamento errado da covid que eu venho falando há um ano é muito mais danoso que o próprio vírus”, completou.

Bolsonaro disse ainda que o combate ao vírus está sendo feito de forma burra e suicida. “Sem dinheiro, sem salário e sem emprego, estamos condenados a miséria, ao fracasso, a morte, a ações que não nos interessam como distúrbios, saques, e temos que ter coragem para enfrentar os problemas”.

Governadores

Por fim, ele fez um apelo aos governadores: “Eu apelo aqui já que me foi castrada a autoridade, repensem a política do fecha tudo. Venham para o meio do povo. Não fiquem me acusando de fazer aglomeração. Vamos combater o vírus, mas não de forma burra, ignorante, suicida. Como gostaria de ter o poder para definir essa política. E eu sei, aprendi na minha vida que temos que tomar decisões. Até quando vamos ficar dentro de casa, até quando vai se fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso, mas tudo isso tem que ter uma solução”. “Eu fui eleito para comandar o Brasil espero que esse poder me seja restabelecido porque sou um democrata”, concluiu.

Por dois dias consecutivos, o Brasil tem apresentado recorde nos registros de mortes decorrentes da covid-19 no país. De acordo com o Ministério da Saúde, 1.910 pessoas foram vítimas da doença nas últimas 24 horas. O resultado deixa o Brasil próximo das 260 mil mortes, totalizando 259.271 óbitos. É uma vítima da covid-19 a cada 45 segundos.

Na quarta-feira, o presidente disse possuir um plano pronto contra a covid-19. Porém, ao ser questionado sobre qual seria, o mandatário não entrou em detalhes e justificou não possuir "autoridade" para exercê-lo. "Se eu tiver poder para decidir, eu tenho o meu programa e o meu projeto prontos para botar em prática no Brasil. Preciso ter autoridade. Se o Supremo Tribunal Federal achar que pode dar o devido comando dessa causa a um poder central, que eu entendo ser legitimamente meu, eu estou pronto para botar meu plano", emendou. Perguntado se poderia detalhar as estratégias, foi categórico: “Não, não, não”.

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