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"Gostaríamos que fosse mais rápido", diz chanceler brasileiro sobre compra de vacinas

Em audiência no Senado, ministro das Relações Exteriores reconhece que país poderia ter mais imunizantes à disposição, mas garante que governo vai providenciar vacinas a todos os brasileiros até o fim do ano

Augusto Fernandes
postado em 24/03/2021 18:19
 (crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado)
(crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado)

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reconheceu o atraso na aquisição de vacinas contra a covid-19, mas prometeu que o governo federal está fazendo o possível para ampliar a quantidade de imunizantes contra o novo coronavírus à disposição dos brasileiros.

“O processo está em andamento. É claro que, repito sempre, gostaríamos que fosse mais rápido, mas estamos trabalhando para que seja mais rápido. Ele está estruturado e não está de forma nenhuma paralisado. Estamos executando essa estratégia. Nenhuma questão política está impedindo nenhum tipo de importação, seja de vacinas, seja de insumos”, declarou o chanceler, durante sessão no plenário do Senado, nesta quarta-feira (24/3).

Araújo afirmou que o governo tem “um portfólio muito diversificado de vacinas contratadas e de outras possibilidades”. O ministro destacou o fato de o país ter condições financeiras para comprar imunizantes e não depender de doações, além de garantir que, a partir do segundo semestre, será intensificado o processo de produção em solo nacional da vacina Covishield, desenvolvida pela universidade e a farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o que deve acelerar a imunização dos brasileiros.

“Nós teremos em breve, em cerca de alguns meses, a capacidade de produção total, ou seja, produzir já o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) no Brasil da vacina Oxford/AstraZeneca. Isso é parte da estratégia que foi montada no ano passado e é fundamental porque será um dos poucos países que não tinham, e que vai se dotar de autonomia na fabricação de vacina. O pacote tecnológico, ou seja, a transferência da tecnologia para que o Brasil produza a vacina de Oxford/AstraZeneca no Brasil foi parte essencial dessa estratégia e é uma estratégia de sucesso, nós acreditamos, porque nos tornará independentes na questão das importações em breve”, disse.

Diplomacia

O chanceler negou que haja problemas na relação diplomática do Brasil com outras nações, apesar de ele já ter acusado a China de ter “fabricado” a covid-19. Segundo Araújo, o país tem bons contatos com as três principais grandes potências farmacêuticas do mundo — China, Estados Unidos e Índia —, e também com o Reino Unido, o que foi importante para garantir a importação tanto de imunizantes quanto de insumos médicos para o enfrentamento à crise sanitária.

Como exemplos, ele citou o acordo do governo federal com a Universidade de Oxford para a compra da Covishield e os recentes contratos assinados com a Pfizer e a Janssen, que garantem mais 138 milhões de doses de vacinas ao país até o fim de 2021. Araújo também mencionou a participação do Brasil na Covax Facility, aliança internacional para desenvolvimento de vacinas anticovid, que disponibilizará ao país outras 42 milhões de doses de imunizantes.

O ministro informou, ainda, que o governo espera concluir acordos para a compra da vacina indiana Bharat Biotech e da russa Sputnik. “Em ambos os casos, está dependendo da autorização basicamente da Anvisa, a questão da disponibilização de documentos e outras questões. E nós estamos prontos tanto junto à Rússia, quanto junto à Índia para agir. Está tudo engatilhado para trazer o carregamento que seja definido pelo Ministério da Saúde dentro da estratégia”.

EUA

Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores informou que estava negociando com os Estados Unidos a aquisição de doses de vacinas que estão à disposição do país norte-americano mas que não têm previsão de serem utilizadas.

Durante a sessão do Senado, ele explicou que esse processo deve demorar a ser concretizado devido a uma legislação em vigor nos EUA que proíbe a exportação de vacinas produzidas em território norte-americano. De todo modo, disse que trabalhará para que essas doses excedentes possam ser disponibilizadas ao Brasil.

“Os Estados Unidos estão começando a ter um estoque exportável, de acordo com a sua própria legislação, mas ainda muito baixo. Eles já decidiram permitir a exportação de apenas 2,5 milhões de doses ao México e 1,5 milhão de doses ao Canadá. Nós estamos tentando, com os Estados Unidos, fazer parte dessa exportação, claro, porque qualquer milhão de doses ajuda a fazer a diferença”.

Vacina brasileira

Araújo ainda comentou que o governo está investindo na produção de uma vacina brasileira contra a covid-19. Segundo ele, há três projetos promissores em estudo no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e que podem entrar, em breve, na fase de testes.

Na avaliação do ministro, isso significará um “um salto qualitativo imenso na nossa capacidade farmacêutica”. “Claro que não é para agora, mas capacitará o Brasil, talvez, dentro de alguns meses, se pudermos ser bastante otimistas, para a produção de vacinas brasileiras, desenvolvidas tecnologicamente aqui, adaptáveis a novas variáveis.”

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