Itamaray

Contra Ernesto, senadores querem suspender sabatinas de embaixadores

Proposta que circula entre os senadores neste domingo (28/3) é que as sabatinas sejam retomadas só depois da saída de Ernesto Araújo do Itamaraty

Marina Barbosa
postado em 28/03/2021 22:52 / atualizado em 28/03/2021 22:53
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Senadores querem suspender as sabatinas dos candidatos a embaixador do Brasil, em resposta ao ataque do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, à senadora Kátia Abreu (PP-TO). A proposta visa acelerar a troca do chanceler brasileiro, que está na mira de parlamentares e diplomatas por conta da postura adotada na pandemia de covid-19 e aprofundou as rusgas com o Senado Federal neste domingo (28/3), ao insinuar que Kátia Abreu estava fazendo lobby pelo 5G.

A suspensão das sabatinas é objeto de uma proposta de resolução que circula entre os senadores na noite
deste domingo. E, de acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tem apoio "amplo de todos os senadores". Por isso, deve ser protocolada já nesta segunda-feira (29). "Vamos pedir para que seja votada na terça-feira (30/3). E deve ser aprovada por unanimidade, pois não vamos admitir um marginal despreparado no Itamaraty. Se Bolsonaro decidir manter Araújo, não sabatinamos ninguém. É uma escolha do presidente", alertou o senador.

Ao Correio, Randolfe contou que a resolução já vinha sendo preparada pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da oposição no Senado, desde a semana passada, quando diversos senadores reclamaram, em audiência pública virtual, que Araújo não tomou as medidas diplomáticas necessárias para garantir a compra das vacinas contra a covid-19 pelo Brasil. Porém, ganhou força neste domingo, por conta do episódio entre o chanceler e Kátia Abreu.

A proposta de resolução, à qual o Correio teve acesso, alega que "a atual política externa do Brasil está entregue, atualmente, a um indivíduo que, como sobejamente demonstrado na Audiência Pública realizada no Senado Federal, em 24/03/2021, não reúne as mínimas condições de representar os autênticos interesses brasileiros no cenário mundial. Como consequência, desenvolve-se uma política externa desastrosa, a qual tornou o Brasil pária mundial e ameaça global, e que compromete, inclusive, a obtenção das vacinas destinadas a salvar a vida de milhões de brasileiros".

"O Senado Federal, guardião da Federação e dos interesses maiores do Brasil, não pode mais se omitir ante tal descalabro, nem deturpar esforços em conflitos improdutivos. Este projeto de Resolução visa trazer ao foco da República a real emergência em curso, que já matou mais de 300.000 brasileiros, e concentrar todos os esforços da Casa em medidas pertinentes de combate à pandemia, sejam elas domésticas ou internacionais", afirma a proposta, que acrescenta: "Cabe a este Senado Federal sublinhar a centralidade da emergência, e liderar no rechaço ao negacionismo, à irresponsabilidade e à inércia, para salvar a vida de brasileiras e brasileiros".

Araújo x Kátia

Pressionado para deixar o governo, Ernesto Araújo insinuou neste domingo que Kátia Abreu estaria pedindo a sua saída do Itamaraty por interesses relacionados ao 5G e não por conta da vacinação contra a covid-19. A senadora rebateu a acusação, dizendo que o ministro agiu de forma "marginal" e faltou com a verdade em relação à conversa dos dois sobre o 5G. Kátia Abreu afirmou, ainda, que Araújo "está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira". "O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal", disparou.

Diante do imbróglio, vários senadores foram às redes sociais mostrar apoio à Kátia Abreu e reforçar a
pressão pela saída de Ernesto Araújo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), explicou que ochanceler atingiu “todo o Senado” e concluiu que a "inviabilização de Araújo é feita por ele mesmo”.
“A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o
Senado Federal. E justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes. Essa constante desagregação é um grande desserviço ao País”, escreveu Pacheco, no Twitter.

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