PLANALTO

Antes de demissão, Bolsonaro silenciou sobre pedido de impeachment de Ernesto Araújo

Senadores ameaçavam impeachment do ministro das Relações Exteriores e Bolsonaro, durante solenidade de assinatura de MP que moderniza o ambiente de negócios no país, preferiu silenciar sobre o assunto

Ingrid Soares e Augusto Fernandes
postado em 29/03/2021 14:18
 (crédito: Evaristo Sá/AFP - 22/3/21)
(crédito: Evaristo Sá/AFP - 22/3/21)

O presidente Jair Bolsonaro preferiu adotar o silêncio durante evento na manhã desta segunda-feira (29/03), quando assinou a MP que moderniza o ambiente de negócios no país. O mandatário costuma discursar nas solenidades ocorridas no Palácio do Planalto, no entanto, preferiu não falar nada e subir diretamente para seu gabinete, poucas horas antes do pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O silêncio foi registrado justamente em meio à ameaça de pedido de impeachment de Araújo por parte de senadores.

Discursaram apenas o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni. O único ato de Bolsonaro na solenidade foi a assinatura da MP.

Desde a semana passada, Bolsonaro vinha sendo aconselhado pelo Congresso a mudar o comando do Palácio do Itamaraty. Não é de hoje que deputados e senadores criticam o trabalho de Ernesto, mas nos últimos dias a situação ficou insustentável. Diversos parlamentares subiram o tom contra o chanceler, sobretudo por conta da demora do governo federal a firmar acordos com fabricantes de vacinas contra a covid-19. Para os congressistas, o ministro foi o principal responsável por atrapalhar a assinatura dos contratos, sobretudo por conta da forma que ele conduz a política externa brasileira.

Na semana passada, ao participar de uma audiência no Senado, Ernesto foi duramente criticado e ouviu de diferentes senadores o pedido para que saísse do Itamaraty. Nenhum líder do governo tomou a palavra para defender o chanceler. Além disso, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cobrou pessoalmente a Bolsonaro uma mudança no comando do Ministério das Relações Exteriores.

No domingo (28), Ernesto estremeceu a relação com o Congresso ao insinuar que a senadora Kátia Abreu (PP-TO) estava fazendo lobby pelo 5G e que ela nunca o criticou por conta de eventuais falhas para garantir vacinas contra o novo coronavírus ao Brasil. Em contrapartida, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) prometeu protocolar o um pedido de impeachment contra Ernesto na Câmara.

MP

Segundo o Ministério da Economia, a MP do Ambiente de Negócios implementa mudanças como a simplificação na abertura de empresas, a proteção aos investidores minoritários e a facilitação no comércio exterior de bens e serviços. O impacto econômico esperado no longo prazo pode varia de 4,3% do PIB, com R$ 3,5 bilhões de entrada de capital estrangeiro direto anual, chegando até a marca de 8,6% de crescimento e R$ 10 bilhões em investimentos. A medida tem ainda o potencial de elevar de "18 a 20 posições" a colocação do Brasil no ranking Doing Business, do Banco Mundial, que mede a facilidade de fazer negócios em diferentes nações. O Brasil está hoje na 124ª posição de 191 países.

“A medida provisória tem como principais objetivos acelerar a recuperação econômica a partir de um melhor ambiente para se fazer negócios, atrair investimento estrangeiro e ajudar o Brasil a melhorar sua posição no ranking Doing Business”, diz a pasta.

 

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