CPI da covid

Declarações de Bolsonaro tentam "desviar o foco", diz Marco Aurélio

Em entrevista ao Correio, ministro do STF critica pressões do presidente contra a CPI da covid e em favor do impeachment de ministros da Corte, feitas em telefonema com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-SE)

Jorge Vasconcellos
postado em 12/04/2021 16:12 / atualizado em 12/04/2021 16:34

O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou, nesta segunda-feira (12/4), como um "arroubo de retórica" e uma "tentativa de desviar o foco" as pressões do presidente Jair Bolsonaro, feitas durante telefonema com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), para que o Senado dê encaminhamento a pedidos de impeachment contra magistrados da Corte. Em entrevista ao Correio, Marco Aurélio também expressou "muita preocupação com a fragilização das instituições pátrias".

Na conversa, entre outras declarações, Bolsonaro pressiona o parlamentar goiano a incluir governadores e prefeitos entre os alvos da CPI destinada, originalmente, a apurar as ações e omissões do governo federal na pandemia. O mandatário também orienta Kajuru a pedir que o STF determine que o Senado inicie a tramitação de pedidos de impeachment contra membros do tribunal. "Você tem de fazer do limão uma limonada. Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment [de ministros da Corte]".

A gravação com trechos do diálogo foi divulgada por Kajuru no domingo (11), o que aprofundou ainda mais a crise entre o presidente da República e o STF. "Eu atribuo tudo a um arroubo de retórica e uma tentativa de desviar o foco. Não há por que fazer críticas ácidas ao Supremo, a integrantes do Supremo. A crítica construtiva é bem-vinda, mas esse tipo de crítica, sob o ângulo político, não. Atribuímos a arroubo de retórica, e me preocupa muito a fragilização das instituições pátrias", disse o ministro Marco Aurélio.

A CPI, cuja abertura foi solicitada em fevereiro pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), deve ser instalada nesta terça-feira (13) pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em cumprimento à determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, proferida na semana passada.

Com a decisão, Barroso atendeu a uma petição dos senadores Kajuru e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que argumentaram que todos os requisitos necessários para a instalação do colegiado estavam reunidos. São três os requisitos: ter um fato determinado, ao menos 27 assinaturas e tempo limitado para a investigação.

 

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