RIO DE JANEIRO

Mourão: Pazuello pode deixar ativa para 'atenuar problema' após ato político

Ex-ministro da Saúde foi a evento político ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no último domingo (23/5). Regulamento disciplinar veda que militares da ativa participem de atos políticos. Vice-presidente diz que general entendeu que "cometeu um erro" e que colocou "a cabeça no cutelo"

Sarah Teófilo
postado em 24/05/2021 10:50 / atualizado em 24/05/2021 10:50
 (crédito: Bruno Batista /VPR)
(crédito: Bruno Batista /VPR)

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta segunda-feira (24/5) que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello entendeu que "cometeu um erro" ao participar de um evento político ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no último domingo (23). Segundo Mourão, Pazuello, que é general da ativa do Exército, pode pedir a transferência para a reserva para evitar punição.

"É provável que seja (punido). É uma questão interna do Exército. Ele pode também pedir transferência para a reserva e aí atenuar o problema", disse Mourão na entrada do Palácio do Planalto. Pazuello é um general da ativa, e que deve seguir o regulamento disciplinar do Exército, que prevê em um trecho que o militar da ativa não pode se manifestar publicamente "sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária". A punição pode ir de advertência a prisão, ou licenciamento e exclusão.

A possibilidade de que ele peça a transferência já é falada desde domingo, após o ato, sendo visto como uma forma do ex-ministro se livrar de um problema. A questão deve ser decidida nesta segunda-feira. O regulamento prevê que o comandante deve entregar ao militar uma ficha de apuração de transgressão disciplinar, o militar tem até 72 horas para apresentar defesa, e o comandante analisa e define a punição, conforme explicado por Mourão. 

Nem o presidente nem o general Pazuello utilizaram máscara, equipamento de proteção individual (EPI) que evita a disseminação do coronavírus e cuja utilização é obrigatória durante a pandemia da covid-19, que já matou 449 mil brasileiros. O ato foi um passeio de motociclistas, em uma grande aglomeração, na qual diversas pessoas também não utilizaram máscara.

"Eu sei que o Pazuello já entrou em contato com o comandante informando, colocando a cabeça dele no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro", disse Mourão.

CPI da Covid

A presença de Pazuello no ato no Rio de Janeiro gerou grande irritação por parte de integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, onde o ex-ministro depôs na última semana. Na ocasião, justificou uma imagem dele sem máscara em um shopping em Manaus dizendo que o equipamento havia caído, e que ele estava indo comprar outro. Os senadores querem convocar Pazuello para outro depoimento.

Questionado sobre o fato de o presidente ter promovido mais uma aglomeração, novamente sem máscara, Mourão não quis comentar. "Eu não comento atos do presidente Bolsonaro, porque eu considero antiético", afirmou. 

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