ITAMARATY

Ernesto Araújo obtém licença-prêmio de 90 dias por assiduidade

Ex-chanceler receberá salário integral durante o período. A licença do ex-ministro é referente ao quinquênio de 1990 a 1995

Sarah Teófilo
postado em 24/05/2021 19:14
 (crédito: Leopoldo Silva/CB/D.A Press)
(crédito: Leopoldo Silva/CB/D.A Press)

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo obteve uma licença-prêmio de 90 dias por assiduidade, referentes ao quinquênio de 1990 a 1995. No período de três meses, o ministro continuará recebendo o salário do cargo efetivo, como é no caso dos servidores que têm concedida a licença-prêmio.

Araújo anunciou a saída do Itamaraty no dia 29 de março após uma gestão repleta de polêmicas. Sua saída se deu, principalmente, a pressões do Congresso Nacional, em especial do Senado, que apontava que a postura do ex-ministro não contribuiu com o Brasil no combate à pandemia. Os senadores também falavam que a forma como Araújo chefiava o Itamaraty atrapalhava as relações comerciais do Brasil com outras nações.

Na ocasião de sua demissão, ele havia entrado em um embate com a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Após uma crítica da parlamentar, Araújo publicou no perfil da rede social um texto sugerindo que as críticas recebidas da senadora dizem respeito a interesses relacionados ao 5G e não à vacinação contra a covid-19. "Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE (Ministério das Relações Exteriores). Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: 'Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.' Não fiz gesto algum", escreveu.

Houve resposta da senadora, que teve apoio de diversos senadores, inclusive do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que disse ter recebido com perplexidade as afirmações do ex-ministro contra Kátia. Após a situação, a permanência do ex-chanceler ficou insustentável, e sua saída foi anunciada no dia seguinte, uma segunda-feira.

Na última semana, Araújo esteve no Senado para prestar depoimento na condição de testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado. No local, negou atritos com a China, apesar de ter sido público momentos de mal estar entre ele e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. Só no ano passado, o Itamaraty respondeu a embaixada em duas ocasiões diferentes após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, fazer críticas ao gigante asiático.

Em novembro, o parlamentar fez uma série de publicações em sua rede social que acusava a China de espionagem via 5G. A embaixada respondeu em nota manifestando forte insatisfação e repúdio ao comportamento do deputado e disse, ao final, que as personalidades brasileiras devem "deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e evitar ir longe demais no caminho equivocado".

Contrariando a prática diplomática, o Itamaraty chamou a resposta chinesa de ofensiva e desrespeitosa, dizendo não ser apropriado que “agentes diplomáticos” tratem assuntos dos dois países pelas redes sociais e que tal atitude não é construtiva e gera “fricções”.

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