SENADO

CPI da Covid decide convocar Onyx, que também deve passar por acareação

Pedido de oitiva ainda precisa ser votado em sessão deliberativa. Senador Omar Aziz quer comparar versão apresentada pelo ministro sobre Covaxin com a do deputado Luis Miranda

Bruna Lima
postado em 09/07/2021 22:14 / atualizado em 09/07/2021 22:17
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Após análises das faturas referentes à autorização de importação da vacina indiana Covaxin, chamadas de invoice, e das declarações do consultor da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) no Ministério da Saúde William Amorim Santana, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 decidiu que vai convocar o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, Onyx Lorenzoni, para depor.

Os senadores alegam que Onyx cometeu crime ao sustentar que era forjada a invoice apresentada pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e por seu irmão, o diretor de logística do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda. Dias antes de comparecer à CPI, o deputado deemista revelou à imprensa a fatura que teria apresentado ao presidente Jair Bolsonaro, em 20 de março, como forma de denunciar o suposto esquema de corrupção. O documento continha pedido de pagamento antecipado, indicação de depósito a uma terceira empresa que não estava no contrato e recebimento de uma remessa inferior à acertada inicialmente.

Foi esta invoice que Lorenzoni, em coletiva de imprensa em 23 de junho, sustentou ser falsa, acusando Miranda de fabricar provas contra o governo. "O senhor não vai só se entender com Deus, não, vai se entender com a gente também. O senhor vai explicar e pagar pela irresponsabilidade, pela má-fé, pela denunciação caluniosa e pela produção de provas falsas", ameaçou o ministro, que também anunciou que denunciaria o servidor Ricardo por prevaricação. Ontem, no entanto, os documentos do próprio ministério recebidos pela CPI indicaram que a invoice era verdadeira.

Como consequência, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), solicitou a convocação de Onyx, requerimento que será votado na próxima sessão deliberativa. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), foi mais fundo e acrescentou a necessidade de uma acareação entre o ministro e Miranda. "O senador Renan já quer trazer [Onyx]. Ele acha que agora já chegou, realmente, a hora de trazê-lo. E até fazer uma acareação com o deputado Luis Miranda para saber quais providências. Porque o deputado disse que ia me mandar um dossiê e não me trouxe nada". A intenção de Aziz é "ver quem está mentindo". "Será a melhor coisa do mundo que nós vamos fazer."

Uma duvida gerada durante a sessão foi a data de recebimento da invoice. Enquanto senadores governistas sustentavam que era impossível um documento fabricado em 19 de março chegar um dia antes, oposicionistas defendiam a versão sustentada pelo consultor William Santana. Base e oposição concordaram na necessidade de se periciar a documentação. Mas uma das hipóteses que justifica o descompasso é o fato de o documento ter sido produzido em Singapura, cujo fuso horário está 11 horas à frente do Brasil. "Então dia 19 lá seria o dia 18 aqui", comentou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). 

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