O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) afirmou que a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, tem de explicar, no depoimento de hoje, à CPI da Covid, o motivo de a Covaxin ter sido vendida ao Ministério da Saúde com preço superfaturado: passou de US$ 10 a dose para US$ 15. “Ela participou da reunião e também é responsável pela empresa com o Francisco Maximiano (sócio da Precisa)”, destacou o parlamentar, em entrevista a Carlos Alexandre de Souza no programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília.
Izalci Lucas também comentou a nota das Forças Armadas para o senador Omar Aziz (PSD-AM), horas depois de o presidente da CPI dizer que as FAs devem estar muito envergonhadas com o surgimento de nome de militares na comissão e que “membros do lado podre das Forças Armadas estão envolvidos com falcatrua dentro do governo”. Na nota, assinada pelo ministro da Defesa, Braga Netto, as instituições declararam que Aziz atingiu “as Forças Armadas de forma vil e leviana”. “Entenderam de uma forma mais agressiva, que teria atingido as Forças Armadas, o que não é verdade”, enfatizou o parlamentar do DF. Veja os principais trechos da entrevista:
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O que o senhor quer saber da diretora técnica da Precisa Medicamentos Emanuela Medrades, que vai depor na CPI?
Teve uma reunião com a participação dela, inclusive, em que o preço era de US$ 10 (por dose da vacina). Depois, assinou um contrato por US$ 15. O que levou a essa variação? Inclusive, na reunião que houve no ministério, havia uma tendência de diminuir o valor em função da quantidade, porém fez foi aumentar 50%, alguém tem de explicar isso. Ela participou da reunião e é responsável pela empresa com o Francisco Maximiano (sócio da Precisa).
Há, também, suposto envolvimento de parlamentares, como Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Quando a CPI vai ouvi-lo? Qual é a suspeita que recai sobre ele, na sua perspectiva?
Ele quer o depoimento de imediato, mas a CPI está adiando exatamente para ouvir outros atores, para ter mais consistência com relação aos questionamentos ao deputado. Há essa denúncia do deputado Luis Miranda (DEM-DF) de que alertou o presidente (Jair Bolsonaro). Acho que ele tem mesmo a gravação de tudo isso. Ainda não ouvi, mas ela já circula por aí. O que é certo é que ele esteve com o presidente, isso não há dúvida. Temos de apurar.
O escândalo também envolve suspeitas sobre militares. Depoimentos indicam uma participação essencial do coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde. Esse vai ser o caminho da CPI nesta semana e nas próximas?
A gente não pode confundir Forças Armadas com um ou outro militar. As Forças Armadas são uma instituição de Estado, não de governo. Por isso, o presidente não pode ficar confundindo as coisas. Ele não pode dar a entender, ou tentar colocar para a população, que os militares que estão no governo representam as Forças Armadas. Não representam. De fato, todas as pessoas que deram o depoimento disseram que a responsabilidade sobre vacinas era da Secretaria-Executiva. Tudo passava pelo secretário-executivo, que era o coronel Elcio e que vai ser chamado para esclarecer isso.
Na semana passada, houve uma reação das Forças Armadas vista como grave em termos políticos. Senadores interpretaram como desproporcional. O senhor concorda com essa visão?
Acho assim: houve uma falha de comunicação, de diálogo. Primeiro, quem se manifestou foi o senador Omar Aziz (PSD-AM), que é o presidente (da CPI), mas ele não fala pela comissão. Falou em sessão da CPI e entenderam de uma forma mais agressiva, que teria atingido as Forças Armadas, o que não é verdade. A reação veio imediata. Acho que caberia, principalmente, ao ministro da Defesa, Braga Netto, que é experiente, que conhece, uma conversa com o presidente do Congresso (Rodrigo Pacheco, do DEM-MG) para as coisas não chegarem aonde chegaram. O próprio presidente fez uma nota e, aí, as coisas deram uma amenizada, mas é muito grave da forma como foi feito.
Existem outras pautas importantes no Senado. A Comissão Mista de Orçamento, por exemplo, teve uma reunião hoje (ontem). O que o senhor diz sobre isso?
Hoje (ontem), foi lido o relatório preliminar e votado. A partir de agora começa a contar o prazo de emendas. Vai até as 11h da quarta-feira (amanhã). Aí, o relator vai ter de preparar o relatório. Dificilmente se vota na quarta-feira, que era o prazo do calendário normal, porque vai ter muita emenda. Eu mesmo já mandei preparar várias. Vamos discutir, não sei se vai ser possível votar, mas não há unanimidade em termos de votação e não dá para resolver tudo em dois, três dias.
Com relação ao DF, o senhor vai ser candidato a governador?
Desde que eu entrei na política, percebi o seguinte: você só pode fazer o que é permitido. Fui secretário, deputado distrital, deputado federal, agora, senador. A gente modificou muitas leis, marco regulatório, de ciência e tecnologia, educação, exatamente para poder executar por quem manda fazer. Quem tem o poder é quem tem a caneta, é o Executivo, a gente cria as condições e planeja. O que falta no DF é planejamento. As pessoas caem de paraquedas, no improviso, não conhecem a realidade, não conhecem a cidade, os problemas da cidade e, aí, fica esse improviso. A Educação, nós já estamos disputando os últimos lugares. Vamos levar cinco anos para recuperar o que tínhamos antes. A Saúde está um caos. O Hospital de Base, que era referência nacional, hoje você não tem anestésico, não tem insumo nenhum, não tem atendimento oncológico. Não vou nem falar a área social, todo mundo passando necessidade, e o governo sequer tem transparência.
*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa
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