"DIA DO JAGUNÇO"

Governo apaga publicação com homem armado para comemorar Dia do Agricultor

Após críticas, Secretaria de Comunicação da Presidência da República apagou foto de homem com espingarda que foi usada para comemorar data dos agricultores nesta quarta-feira (28/7)

Sarah Teófilo
postado em 28/07/2021 15:46 / atualizado em 28/07/2021 15:51
 (crédito: Reprodução / Redes Sociais)
(crédito: Reprodução / Redes Sociais)

A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República apagou uma publicação feita no Twitter com a imagem de um homem armado, usada para comemorar o Dia do Agricultor. "Hoje homenageamos os agricultores brasileiros, trabalhadores que não pararam durante a crise da covid-19 e garantiram a comida na mesa de milhões de pessoas no Brasil e ao redor do mundo", dizia a publicação.

A imagem gerou muitas críticas nas redes sociais, com pessoas apontando desrespeito com os profissionais e dizendo que a imagem certa seria de uma pessoa com uma enxada.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) publicou uma nota repudiando a postura do governo federal. "Nesse Dia do Agricultor, celebrado em 28 de julho, a melhor homenagem que os agricultores e agricultoras familiares esperam é reconhecimento ao seu importante papel na produção de alimentos e no desenvolvimento do país. Em vez disso, recebemos do governo federal uma 'homenagem' totalmente desrespeitosa, com a imagem de uma pessoa no campo segurando uma espingarda", escreveram.

O Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA) também emitiu uma nota de repúdio dizendo que a imagem usada pela Secom é vendida em bancos de imagem com a descrição de que se trata de  “silhueta de caçador carregando espingarda no ombro e observando”.

"A manifestação é uma demonstração indigna de quem tomou o lado do escravagista, do jagunço, do capitão do mato, do grileiro e do desmatador, que ignora a realidade de um país que ainda não se reconciliou com seu passado, marcado pela destinação da terra a endinheirados, marginalizando a população. É mais uma prova do desprezo sistemático por políticas afirmativas como a reforma agrária, não obstante os sérios problemas ainda enfrentados na democratização do acesso à terra, na preservação de recursos naturais e de trabalho escravo", pontuou.

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