Política

Canais bolsonaristas investigados pelo TSE apagam vídeos com ataques

As filmagens foram deletadas após decisão que determinou o bloqueio de repasses de dinheiro de redes sociais para canais envolvidos na divulgação de fake news

Nathalia Galvani*/Estado de Minas
postado em 19/08/2021 15:24 / atualizado em 19/08/2021 15:24
 (crédito: Getty Imagens/Reprodução)
(crédito: Getty Imagens/Reprodução)

Após o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Felipe Salomão, determinar o bloqueio de repasses de dinheiro de redes sociais para plataformas digitais envolvidas na divulgação de notícias falsas, cerca de 25 canais bolsonaristas no YouTube apagaram ou tornaram privados 263 vídeos com ataques ao sistema eleitoral no país.

De acordo com O Globo, o levantamento foi feito pela empresa de análise de dados Novelo Data, que, ao filtrar as publicações na mídia com palavras-chave, como os nomes dos tribunais e de seus ministros, além de referências às urnas eletrônicas, descobriu que algumas contas excluíram as filmagens com fake news ou bloquearam o acesso ao público.

Na lista estão dois canais ligados ao youtuber bolsonarista Fernando Lisboa, conhecidos como Vlog do Lisboa, que foram alvos da determinação do TSE e somam mais de 800 mil seguidores.

Ainda segundo a reportagem, foram excluídos dois vídeos, um deles com referências à live do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com alegações falsas de fraude nas urnas que levou o presidente a ser investigado, e outro vídeo intitulado "Lula só ganha com Fraude nas Urnas".

Entenda a decisão do TSE

Conforme o inquérito administrativo instalado no TSE na segunda-feira (16/8), as redes sociais YouTube, Twitch.TV, Twitter, Instagram e Facebook devem suspender imediatamente as monetizações dos conteúdos publicados pelas pessoas e páginas indiciadas na investigação.

Dentre os perfis ligados à propagação de desinformação, estão o de Jair Bolsonaro, de seus filhos Flávio (Patriota-RJ), Eduardo (PSL-SP) e Carlos (Republicanos-RJ), que chegou a criticar a decisão do magistrado como um ato de 'censura'. Além deles, outros quatro deputados federais e influenciadores bolsonaristas também serão investigados.

Os recursos financeiros que vierem a ser obtidos pelos investigados serão transferidos para uma conta vinculada ao tribunal. O corregedor-geral ainda não decidiu se a medida se estende aos perfis de políticos.

As redes sociais devem apresentar em até 20 dias à Corregedoria-Geral Eleitoral os ganhos de cada perfil, canal e página indiciada no inquérito administrativo do TSE.

O despacho ainda obriga as plataformas a deixarem de usar algorítmos que sugiram perfis com claro teor desinformativo e político-ideológico. Salomão afirmou que o objetivo é evitar que os perfis investigados continuem a se beneficiar financeiramente e politicamente com a veiculação de conteúdos mentirosos.

Os representantes das redes sociais no Brasil serão convocados a participar de encontros com as equipes técnicas da Polícia Federal e do TSE, a fim de mitigar os efeitos da desinformação nas plataformas. A data da reunião ainda será definida.

O ministro determinou ainda a imediata suspensão de pagamentos às transmissões ao vivo, como as realizadas semanalmente por Bolsonaro. Os conteúdos publicados no canal do presidente no Youtube não são monetizados - a exemplo da tradicional live realizada às quintas-feiras, que o levou a ser investigado pelo TSE por divulgar notícias falsas que atentariam contra os ministros da Corte -, mas os usuários que retransmitem as suas publicações ainda podem se beneficiar financeiramente da disseminação de publicações mentirosas.

 

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