CPI da Covid

Randolfe cobra apuração contra Bolsonaro por postar inquérito sigiloso

Vice-presidente da CPI da Covid e outros senadores acusam o governo de uso político da Polícia Federal para tentar intimidar os membros da comissão, com a abertura de investigação sobre vazamento de documentos à imprensa

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), questionou, durante a sessão desta quinta-feira (5/8), se o ministro da Justiça, Anderson Torres, pedirá investigação contra o presidente da República por divulgar um inquérito sigiloso da Polícia Federal com investigações sobre uma suposta fraude em urnas eletrônicas. O documento compartilhado nas redes de Jair Bolsonaro sobre o ataque ao sistema interno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não representou risco às eleições, como o mandatário insiste em divulgar.

Randolfe fez a fala pois senadores acusam o governo de uso político da Polícia Federal para tentar intimidar os membros da CPI, abrindo uma investigação por vazamento de documentos à imprensa. A decisão da PF se deu após a imprensa noticiar que houve a supressão de trechos em que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello cita o presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). As imagens se encerram abruptamente, antes que o militar conclua suas declarações.

Os senadores viram com estranheza o posicionamento da corporação, inclusive se tratando da decisão de investigar vazamentos, mas não de conduzir diligências para avaliar a ausência das imagens. “Senhor relator Renan Calheiros, ontem, esta Comissão Parlamentar de Inquérito recebeu a notícia, senadora Simone Tebet, de que a Polícia Federal vai instaurar um inquérito contra esta Comissão Parlamentar de Inquérito por eventuais supostos vazamentos de notícias sigilosas. Inquérito contra a Comissão Parlamentar de Inquérito, devem saber as autoridades, o senhor ministro de Justiça, e deve saber também a Direção Geral da Polícia Federal, é inconstitucional e ilegítimo”, afirmou Randolfe durante o depoimento do empresário Airton Antonio Soligo, mais conhecido como Airton Cascavel.

“Só que ocorre, senadora Simone (Tebet), que ainda ontem à noite, às 21h26, o senhor presidente da República, em suas redes sociais, divulgou abertamente um inquérito sigiloso, no qual, inclusive, no inquérito, está a advertência de sigilo”, continuou Randolfe antes de provocar Torres. “Um inquérito que está em andamento na Polícia Federal. Ele fez a divulgação de um inquérito sigiloso”, reforçou o senador no anúncio, voltando-se para Simone Tebet (MDB-MT).

“Eu aproveito para, em nome desta CPI, perguntar ao senhor Anderson Torres, eu até confundi o nome dele ontem com Franz alguma coisa, porque me trouxe algumas lembranças de um outro período da história. Mas eu pergunto ao senhor, Anderson Torres, que é o senhor ministro de Estado da Justiça, e ao senhor diretor-geral da Polícia Federal, a que horas será anunciada a abertura do inquérito contra o senhor presidente da República, já que o inquérito contra esta CPI foi anunciado, inclusive, senador Renan, no âmbito desta CPI e, logo em seguida, foi anunciado para a imprensa”, provocou.

O parlamentar concluiu afirmando esperar a hora em que o diretor geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, e o ministro Anderson Torres, anunciarão, “ainda no dia de hoje, a que horas será aberto o inquérito contra o senhor presidente da República pela divulgação, aí, sim, com todas as digitais, nas suas redes sociais, de um inquérito sigiloso”.

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