Senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) esperam que André Mendonça desista de sua candidatura ao STF. O motivo seria evitar um desgaste ainda maior do presidente Jair Bolsonaro em caso de uma rejeição do ex-advogado-geral da União (AGU) em votação no Senado Federal, fato inédito desde o governo Floriano Peixoto (1891-1894). A informação é da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
O nome de Mendonça está longe de ser unanimidade entre os senadores. Segundo especialistas em ciência política, Bolsonaro adotou uma estratégia política equivocada ao explicitar os critérios para sua indicação no episódio do “terrivelmente evangélico”. Além disso, os ataques à Suprema Corte tornaram o terreno ainda mais infértil.
“Bolsonaro instrumentalizou muito a indicação do Mendonça para articular com a bancada evangélica, mas demonstrou muita inabilidade política desde então. Não houve na história recente uma sabatina que tenha se arrastado tanto”. Hoje, ele (Mendonça) só não está ministro por conta da estratégia política do presidente”, explica o cientista político André Rosa.
Ele diz ainda que a boa relação do mandatário com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), faz com que o senador tenha receio de pautar a sabatina e de que Mendonça saia derrotado.
Dependência do setor evangélico
Segundo especialistas e interlocutores do Congresso, Jair Bolsonaro vive uma espécie de dependência do setor evangélico da sociedade, seja no eleitorado, seja no Congresso Nacional. Sua base aliada na Câmara é baseada em deputados que fazem parte da bancada evangélica. Por conta desses fatores, uma nova indicação, sobrepondo a do ex-AGU, poderia desgastá-lo.
Indicado no dia 13 de julho ao STF, um dia após a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, Mendonça segue aguardando data para sua sabatina. Apesar da demora e do clima de insegurança em relação a sua aprovação, não dá sinais de que vai desistir. Ele chegou a fazer, recentemente, uma espécie de campanha dentro do Senado, passando de gabinete em gabinete para convencer os senadores a pautar a sabatina e aprovar sua indicação.
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