PLANALTO

Mil dias de governo: Bolsonaro faz aceno à economia e se esquiva da pandemia

Com agenda em todo país durante a semana, o presidente pretende comemorar o tempo no Executivo. Em evento no Palácio do Planalto, criticou governos anteriores, afirmou que reduziu a corrupção no Brasil e rechaçou medidas para incentivar a vacina contra a covid-19

Luana Patriolino
postado em 27/09/2021 12:43 / atualizado em 27/09/2021 12:44
 (crédito: Presidente se irritou novamente com um do seus apoiadora nesta quinta-feira (16/9) (foto: Agência Brasil/Reprodução))
(crédito: Presidente se irritou novamente com um do seus apoiadora nesta quinta-feira (16/9) (foto: Agência Brasil/Reprodução))

Preocupado com as próximas eleições, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno à economia, durante as comemorações de mil dias no governo. O mandatário recebeu ministros, parlamentares e autoridades no Palácio do Planalto para um evento de divulgação de seus feitos na política, na manhã desta segunda-feira (27/9). Com a popularidade despencando, o presidente acredita que este é o momento da virada para garantir a reeleição em 2022. A estratégia do Executivo é ressaltar que a economia brasileira se sobressaiu, mesmo diante da pandemia.

O presidente afirmou que não trocará Paulo Guedes e que não vai interferir na política de preços da Petrobras. Em discurso, Bolsonaro também tentou se desvincular de outros problemas do governo como a crise hídrica, a alta da inflação e do preço dos combustíveis. “Se trocar o Paulo Guedes, tem que trocar por alguém com a política diferente da dele. Senão, é ‘trocar seis por meia dúzia’”, disse.

Bolsonaro também tentou se contrapor ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que hoje se desenha como o principal adversário de Bolsonaro em 2022 — e afirmou que a corrupção diminuiu durante o tempo em que está à frente da gestão do Brasil. O presidente tenta, novamente, alavancar o antipetismo para garantir um lugar nas próximas eleições. “Eu fora de combate, o que sobra? É isso que queremos para a nossa pátria?”, disse.

Jair Bolsonaro ainda criticou o passaporte sanitário adotado por alguns países para evitar a propagação do novo coronavírus e tentou implantar a ideia de que, talvez, um novo governo possa caminhar para o governo socialista. No entanto, o Brasil nunca viveu esse tipo de um regime. “Se a facada fosse decisiva, é só imaginar quem estaria no meu lugar, o seu perfil e seu alinhamento. Onde nós estaríamos agora? O futuro do nosso Brasil é decidido por quem vocês um dia colocam para pilotar esse grande país. Estamos acompanhando esses debate antecipados de 2022”, disse.

“Não pensem que o que aconteceu certos países não pode acontecer com o Brasil. Quem diria nos anos 90 que a nossa riquíssima Venezuela chegasse a essa situação de hoje em dia?”, disse, tentando comparar os governos anteriores com o atual.

Vacina

Jair Bolsonaro tenta se justificar em relação à pandemia de covid-19. O Congresso Nacional analisa que presidente deva fazer uma autocrítica em relação à gestão da crise sanitária no Brasil; reconhecer que houve um atraso na compra de vacina; e uma campanha massiva em relação à importância da imunização e combate às fake news.

No entanto, para o mandatário, sua gestão tem sido eficiente no enfrentamento ao novo coronavírus. “Não estou contra a vacina. Mas nós respeitamos a liberdade. Por mais que me acusam atos antidemocráticos, ninguém, mais do que eu, respeita o direito de liberdade de outros. A vacina não pode ser obrigatória. Ainda há uma grande incógnita, um prato feito para a imprensa dizer que eu sou negacionista”, disse, rechaçando a possibilidade de implementar mais medidas sanitárias de combate à covid-19.

O presidente Jair Bolsonaro se preparou viajar o Brasil nesta semana a fim de comemorar os mil dias de seu governo. O objetivo dele é atrair todas as atenções possíveis para os feitos de sua administração, além de tentar colar a marca de um gestor que faz por meio da entrega de obras, muitas delas iniciadas em governos anteriores.

No entanto, o presidente terá de dividir os holofotes com o Congresso, onde projetos de interesse do Palácio do Planalto fazem muito ruído, e com o Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o chefe do Executivo deverá depor, por escrito ou presencialmente, no processo em que é investigado por suposta interferência indevida na Polícia Federal. No próximo sábado (2/10), está marcada mais uma manifestação contra o governo, que deve reunir representantes da direita e da esquerda.

 

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